Não foi a primeira e não deve ser a última cúpula da Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia, OTCA, realizada em sua quarta edição na cidade Belém, no Pará de 8 a 9 de agosto de 2023, que deixa de priorizar a demanda planetária pelo desmatamento zero.
Instituída como instância executiva do Tratado de Cooperação da Amazônia, assinado pelos países em 1978, a OTCA possui como associados Brasil, Colômbia, Peru, Guiana, Suriname, Bolívia, Equador e Venezuela (para saber mais acesse www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2047).
Diante da crescente importância da Amazônia para o mundo a criação da OTCA foi uma das mais expressivas iniciativas da diplomacia brasileira que é reconhecida por sua contribuição para política ambiental internacional, em especial junto à ONU.
Não à toa, mesmo em seus momentos de maior ostracismo a OTCA sempre contou com apoio em orçamento e estrutura do governo federal brasileiro no sentido de negociar esforços conjuntos para o desenvolvimento da região.
Entretanto a articulação política para negociar ações que culminem com o desmatamento zero se mostrou bem mais complexa do que a maioria imaginava.
Ocorre que em todos os oito países sócios da OTCA a sociedade associa desmatamento com progresso, como se destruir a biodiversidade florestal poderá prover a riqueza que seus habitantes necessitam e não o contrário.
Dado que existe considerável contingente de pequeno produtor que alegam depender do desmatamento, inclusive para não morrer de fome o que nem sempre é real, o apoio da população urbana e por óbvio dos políticos que esperam seu voto vem de maneira quase espontânea.
Por isso as instituições precisam se unir no esforço de mostrar que a riqueza, ou o crescimento do PIB na Amazônia, depende da biodiversidade florestal e não do nefasto desmatamento.
Ninguém pode duvidar ou perder o foco em relação à urgência do desmatamento zero da região defendido por ambientalistas e também por instituições financeiras do porte do Banco Mundial conforme documento “Equilíbrio Delicado para a Amazônia Legal Brasileira: Um Memorando Econômico” editado pelo economista sênior Marek Hanusch (saiba mais acesse www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5579&artigos_ano=2023).
Perder o foco, infelizmente, tem sido uma constante nas negociações da OTCA e a bola da vez foi uma suposta exploração de petróleo na área denominada de Margem Equatorial localizada a mais de 170 Km do litoral brasileiro, mas que jornalistas preferem chamar de foz do rio Amazonas.
Pura distração, uma vez que o petróleo será extraído no curto prazo e de onde houver viabilidade e a Amazônia está distante do poço a ser, talvez, furado pela Petrobras.
Desmatamento zero deve ser a preocupação da sociedade e dos oito governantes dos países sócios da OTCA e o Brasil terá, como que se viu, que assumir a liderança!