No ponto mais importante para a manutenção das características ecológicas de sua imensa bacia hidrográfica, ou seja, no trecho da cabeceira (que, para efeito do projeto, vai da nascente próximo à fronteira do Peru com o município de Santa Rosa do Purus no Acre, até a foz do tributário rio Iaco), o rio Purus corta, transversalmente, o território do Acre.
É nesse trecho que o Purus se forma e se consolida como um dos mais expressivo tributários do rio Amazonas – por sua vez, um dos mais importantes rios do mundo.
A degradação dessa extensa área de influência das cabeceiras significa o comprometimento das bacias hidrográficas localizadas a jusante. Ocorre que, com a conclusão, em 2011, do asfaltamento da rodovia BR 364, no sentido Rio Branco/Cruzeiro do Sul (outra fronteira com o Peru), o vetor de ocupação produtiva do Acre assumiu um novo eixo, em direção às novas áreas de consolidação da pecuária bovina.
O projeto atua em quatro diretrizes principais:
(a) Inventário florestal e diagnóstico das características da mata ciliar ao longo do percurso do Purus na área de influência da sua cabeceira, no território do Acre;
(b) Mapeamento dos trechos críticos de desmatamento e degradação da mata ciliar, que exigem restauração florestal;
(c) Definição de lista de espécies florestais endêmicas da mata ciliar por município para uso em projetos de restauração florestal da mata ciliar;
(d) Estabelecimento de sistema fenológico para a produção de sementes e mudas das 20 espécies florestais selecionadas.
http://ciliarcabeceirasdopurus.blogspot.com.br/
ISBN: 978-85-919419-0-2
Originado na execução do projeto homônimo financiado pelo CNPq, o livro teve o propósito de registrar essa inusitada experiência. Os estudos se realizaram na área de influência da cabeceira do rio Purus, que inclui os municípios de Sena Madureira (a partir da foz do rio Iaco), Manuel Urbano e Santa Rosa do Purus.
Tomando-se por referência a experiência adquirida na execução do projeto Ciliar Só-Rio Acre, que analisou em pormenores a composição e situação atual da mata ciliar presente nos 8 municípios cortados pelo rio Acre, foi possível a aprovação e execução, por um conjunto de instituições, do projeto Ciliar Cabeceira do Purus.
Esse livro, enfim, discute dois estudos principais realizados na mata ciliar presente na área de influência da cabeceira do rio Purus. O primeiro mapeou por satélite uma extensa faixa de 2 km de largura de cada margem do rio; o segundo analisou a composição e o tipo de floresta existente nessa faixa.
O livro é dividido em cinco capítulos apresentadas logo depois de um sumário executivo, elaborado para aqueles que preferem uma leitura rápida.
No primeiro capítulo são discutidas as impressões da equipe que participou da expedição de reconhecimento ao rio Purus. Durante um período de 10 dias, o seleto grupo de pesquisadores percorreu o trecho do rio Purus que vai da foz do rio Iaco, em Sena Madureira, até a sede administrativa da cidade de Manoel Urbano.
Considerado o trecho com maior na ocupação antrópica, uma vez que o desmatamento no sentido da nascente até o município de Santa Rosa do Purus é deveras inferior, os pesquisadores se assustaram com a predominância da pecuária nessa região e com a variedade de transporte fluvial destinado às trocas comerciais envolvendo a criação de gado.
No segundo capítulo são descritos os resultados do mapeamento da ação antrópica e o inventário florestal da mata ciliar, além dos achados que cada um possibilitou, como no caso do cálculo do novo indicador IVI-Mata Ciliar.
O terceiro capítulo trata de algumas ações de extensão florestal levadas a cabo com objetivo principal de envolver os residentes nos 3 municípios no tema da conservação da mata ciliar do rio Purus.
O quarto capítulo descreve o que se chamou de “Manual do IVI-Mata Ciliar”, contendo um conjunto de procedimentos para o cálculo do indicador e, por conseguinte, a obtenção de uma lista de espécies florestais a serem empregadas em projetos de restauração florestal da mata ciliar.
Finalmente, no quinto e derradeiro capítulo são apresentadas, a título de contribuição para os que se interessarem em estruturar grupos de pesquisas sobre a mata ciliar em rios amazônicos.
Diante da incômoda lacuna de informação sobre mata ciliar, tema negligenciado inclusive quando da elaboração do Zoneamento Econômico e Ecológico do Acre, o livro chega em momento oportuno, fornecendo pistas sobre a importância da mata ciliar dos rios amazônicos.
Esse, sem dúvida, o maior legado da obra.
A importância econômica e social do extrativismo de produtos florestais na Amazônia é reconhecida desde primórdios da ocupação da região pelos colonizadores portugueses. De maneira geral, a exploração florestal foi o motor principal para garantir a permanência dos primeiros produtores portugueses, que se esforçaram para compreender os diversos usos que as populações indígenas conferiam a um grande leque de produtos de florestais.
A produção florestal gerou importantes ciclos econômicos, fundamentais para a instalação de uma infraestrutura considerável na região e para a permanência de um contingente considerável de trabalhadores florestais.
A expansão da agropecuária na Amazônia, em especial com a criação de boi, renegou ao esquecimento esses ciclos econômicos baseados nos produtos florestais.
A busca por uma alternativa econômica mais adequada aos critérios de sustentabilidade ecológica fez ressurgir o extrativismo, renovado com a expectativa que os ambientalistas depositaram na atividade. Com o revigoramento da importância do extrativismo, as populações tradicionais da Amazônia ganharam espaço político, na condição de produtores que, com sua atividade produtiva, contribuem para manter a floresta.
O projeto prioriza a elevação do extrativismo ao patamar tecnológico do Manejo Florestal de Uso Múltiplo. Num primeiro momento, mapeia as experiências já em execução na Amazônia para, posteriormente, adequar os resultados a uma política pública destinada a promover essas experiências em larga escala, e no âmbito de toda a região. Afinal, o uso múltiplo da diversidade biológica existente no ecossistema florestal da Amazônia é o melhor caminho para a consolidação de uma ocupação produtiva baseada nos ideais de sustentabilidade preconizados mundo afora.
Diversos órgãos voltados para o fomento da ocupação produtiva da Amazônia vêm, ao longo dos últimos dez anos, debruçando-se sobre a possibilidade de se conceberem novos processos para o planejamento da instalação de atividades produtivas na região.
Nesse contexto, a estruturação de Arranjos Produtivos Locais, APL, organizados na forma de um Cluster (aglomerado econômico) apresenta-se como opção ideal para áreas de economia periférica, como é o caso da Amazônia, e, mais ainda, do Acre.
O projeto faz uma associação entre a tecnologia do cluster e o ecossistema florestal da Amazônia, mediante a identificação da vocação produtiva florestal de cada município do Acre, como forma de promover uma transformação produtiva em direção à sustentabilidade.
O projeto está estruturado em quatro objetivos principais, a saber:
(a) Estabelecimento das referências do modelo de ocupação atualmente preconizado para a Amazônia;
(b) Análise das experiências produtivas ancoradas no ecossistema florestal que, iniciadas na década de 1990, encontram-se em curso na região;
(c) Adaptação da Teoria das Vantagens Competitivas à realidade do ecossistema florestal da Amazônia;
(d) Esquematização do “Cluster Florestal do Acre”, com a caracterização de identidade e vocação florestal para os 22 municípios situados no estado e a definição de, no mínimo, uma atividade produtiva florestal para cada município.
Nos últimos 20 anos, sob o apoio integral da cooperação internacional, o Acre foi privilegiado com a execução de uma série de levantamentos sobre a diversidade biológica e os recursos do meio físico presentes em território estadual.
Todavia, embora tenha sido investida uma soma considerável de recursos financeiros na realização desses estudos, que culminaram na elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico, um tipo especial de florestas foi esquecido, inclusive no âmbito do próprio ZEE: a mata ciliar.
A lacuna de informações sobre a mata ciliar tem implicações perigosas no que diz respeito aos rumos a serem seguidos pela ação pública, uma vez que, sobretudo nos últimos 10 anos, a flutuação de vazão do rio Acre, entre os regimes de seca e cheia, se intensificou.
Com a ocorrência anual de secas e alagações extremas, o rio Acre, por um lado, deixou de fornecer água; por outro, tornou-se inseguro para os ribeirinhos que habitam suas margens.
Sob as premissas “Resistência pública” e “Resiliência do rio”, a ideia é contribuir para o planejamento da ocupação em áreas alagadas e fornecer subsídios para ampliar a resiliência do rio Acre em face dos períodos de alagação e de seca.
No primeiro caso, da resistência pública, o projeto propõe a transformação de superfícies alagadiças ocupadas por assentamentos precários em áreas verdes, que poderão funcionar como zonas de escape do rio no período das cheias.
No segundo caso, da resiliência do rio, propõe-se a restauração florestal da mata ciliar, inclusive com o aumento da largura da faixa prevista no Código Florestal, como forma de aumentar a resiliência do rio, ou seja, sua capacidade de reagir às flutuações extremas de vazão.
http://ciliarsorioacre.blogspot.com.br/
ISBN: 978-85-907253-8-1
A ocupação da Amazônia foi possível graças aos seus rios. Para que a região tivesse seu maior e mais impressionante ciclo de riqueza, navegaram pelos rios navios de grande calado, abarrotados de pessoas e de produtos.
No Acre não foi diferente. Foram os rios que deram acesso ao território e permitiam escoar a produção de borracha. É difícil imaginar que o rio Acre de hoje é o mesmo daquela época, quando até aviões pousavam em seu leito caudaloso.
Oscilando entre secas e alagações que ocorrem em espaço de tempo cada vez menor, atualmente o rio Acre está assoreado e com o seu equilíbrio hidrológico comprometido. Mas esse diagnóstico não é novidade. Pesquisadores e instituições já alertaram, mais de uma vez, quanto ao elevado nível de degradação existente na bacia hidrográfica do rio Acre.
Todavia (e infelizmente), se o diagnóstico é compartilhado por muitos, as soluções não o são.
Ideias esdrúxulas surgem a todo instante para resolver o problema da escassez (seca) ou excesso (alagação) d’água, mas nenhuma se volta para o rio, no intuito de encontrar as causas do recorrente diagnóstico.
Ora se alvitra mudar o trajeto do rio; ora se cogita canalizá-lo (por meio dos tais “bolsacretos”). Até mesmo a construção de várias barragens (as chamadas “eclusas”) já chegou a ser proposta, o que transformaria o curso d’água em vários açudes.
Indo mais fundo, com perdão do trocadilho, no diagnóstico e propondo soluções para a recuperação do rio, este livro traz a experiência adquirida com o premiado projeto Ciliar Só-Rio Acre. A principal ideia contida aqui é que está na mata ciliar a reposta para fazer com que o rio Acre volte a ser como era.
Discutir os recordes de vazão do rio não vai ajudar a resolver o problema. As alagações nos rios do Acre, e não somente no rio Acre, tornaram-se uma realidade e devem ser encaradas como prioridade pela política pública. O caminho leva a duas direções: resistência pública, para se contornarem os efeitos do problema; e resiliência dos rios, para chegar à causa. Bem mais do que botar os pés na lama, os gestores devem se esforçar para promover a restauração florestal da mata ciliar dos rios, desmatadas pela criação de boi.
Ampliação da mata ciliar do rio Acre é urgente
A largura legal da faixa de mata ciliar foi um dos temas mais controversos durante as discussões que culminaram na aprovação do Código Florestal em 2012. De um lado, os parlamentares defensores do agronegócio, que constituem a ampla maioria do Congresso brasileiro, defendiam a estipulação da menor faixa legal possível; de outro, cientistas e o movimento ambientalista provaram a necessidade de se ir além da largura prevista no Código de 1965. A crise atual da água não deixa dúvida: a mata ciliar deve ser ampliada.
Ampliar a resiliência dos rios é o caminho
A navegação fluvial na Amazônia foi substancial no período do ciclo da borracha (1810 a 1911) e perdurou até a Segunda Guerra Mundial. Na segunda metade do século passado a ocupação produtiva baseada na criação de boi transformou a paisagem e submeteu os rios a um intenso processo de degradação. O rio Acre talvez seja o retrato mais evidente dessa degradação. Mas é possível recuperar a resiliência dos rios. Basta vontade política!
Resistência pública e resiliência dos rios
Planejar a resistência pública frente às alagações significa desocupar as áreas inundáveis e alagadiças, a fim de convertê-las em áreas verdes. De outra banda, ampliar a resiliência dos rios, vale dizer, sua capacidade de reagir às flutuações extremas de vazão, significa dragar o rio para dilatar o calado, aumentar a largura mínima da faixa de mata ciliar legalmente exigida, e restaurar os trechos ali desmatados pela criação de boi.
Boi não paga o custo da água que bebe e do solo que danifica
Que a criação de boi se configura no uso menos nobre para o solo da Amazônia não é novidade, e muitas teses de doutorado já se esforçaram para comprovar os malefícios dessa atividade. Fosse o caso dos governos atentarem para a ciência, certamente a pecuária praticada na região não se beneficiaria de financiamentos subsidiados com dinheiro público, em especial os que são oferecidos pelo Banco do Brasil e pelo Basa. Agora, a orientação dos próprios empresários aos agentes financiadores não deixa dúvida: na Amazônia, o investimento na pecuária é uma aposta furada.
Da relação entre mata ciliar e equilíbrio hidrológico
A relação entre a quantidade de biomassa florestal existente na mata ciliar e a tendência ao equilíbrio hidrológico do rio é direta. Significa que (embora alguns duvidem) tanto a largura da mata ciliar quanto a densidade de árvores irão promover o aumento da resiliência dos rios, isto é, sua capacidade para assimilar e reverter flutuações abruptas de vazão. Daquelas que causam cheias e alagações. A saída está em aumentar a largura da faixa de mata ciliar definida (de maneira equivocada) pelo Código Florestal. Mas isso depende dos políticos, ou seja, vai demorar muito!
Interação floresta e água na Esec Rio Acre
A influência da mata ciliar sobre a qualidade e a quantidade da água que corre num rio foi um dos temas mais controversos durante as discussões que precederam a aprovação do novo Código Florestal. Ocorre que, se de um lado não há dúvida científica em relação aos efeitos positivos da floresta para o equilíbrio hidrológico do rio, de outro, os produtores não querem abrir mão de áreas destinadas, por exemplo, à criação de gado. Parece fundamental, desse modo, que a Pesquisa na Amazônia dê prioridade ao assunto, fornecendo á sociedade subsídios sobre a relação entre água e floresta.
Restauração do Igarapé Santa Rosa em Xapuri
Nas cidades da Amazônia, das pequenas às metrópoles, faz parte da paisagem urbana a presença de igarapés ostentando índices de poluição inaceitáveis, em face do despejo de dejetos domiciliares sem qualquer tipo de tratamento. Poderia ser diferente, todavia. Valendo-se de tecnologia barata e de fácil aplicação, projeto executado no igarapé Santa Rosa em Xapuri demonstra que existe saída para esse tipo de problema, o que falta é vontade política.
IVI-Mata Ciliar para restauração florestal de rios
A Resolução 429 do Conselho Nacional de Meio Ambiente estabelece que a restauração florestal de trechos desmatados de mata ciliar deve ser realizada, única e exclusivamente, por meio do emprego de espécies nativas da própria mata ciliar. O IVI-Mata Ciliar é uma técnica desenvolvida para auxiliar o projetista da restauração florestal a escolher quais as espécies nativas mais indicadas.
Por uma Lei Municipal da Mata Ciliar
Nada mais cômodo do ponto de vista político, em especial para os que acham que a política se resume a não perder votos, que, na área ambiental, temas polêmicos como desmatamento e queimadas sejam tratados por regras federais. O mesmo vale para a definição da largura da faixa de mata ciliar dos rios. O mínimo de 30 metros estabelecidos pelo Código Florestal é absolutamente insuficiente para que a mata ciliar exerça suas funções. Todavia, e ainda que tenham competência para aumentar essa largura, estados e municípios não se dispõem a fazê-lo.
Na alagação, sobra água ou sobra chuva?
Discussão acerca das periódicas secas e alagações na Amazônia só está começando. Ainda há um longo caminho a ser percorrido até o reconhecimento da importância da mata ciliar para o ciclo hidrológico do rio.
Todo ano a Amazônia se debate com as secas e alagações dos rios. Parece algo que ocorre independente da vontade dos homens. Como eventos causados pela natureza. Mas não é verdade. Diferenciar as cheias das alagações, pode ser um passo importante para compreender a responsabilidade de todos no comportamento dos rios.
Sobre água, chuva, alagação e barrancos
Todo ano a história se repete. Chega o verão, período de chuvas e as consequentes alagações e desbarrancamentos. Os técnicos de governo se apressam em responsabilizar o clima. No início era a década que mais choveu, depois o mes, a semana, o dia e, agora, a hora. Se a culpa é de São Pedro não é necessário tomar providências e a história continua.
Segregação fundiária não garante a floresta
A segregação de terras com florestas nativas, para protege-las da expansão da agropecuária parece não trazer os resultados esperados. Acontece com Unidades de Conservação como Reservas Extrativistas por exemplo, que o modelo de ocupação que se esperava evitar se padroniza em seu interior. A conclusão é simples somente a regularização fundiária não resolve, alternativas produtivas de manejo florestal devem ser colocadas em prática.
Depois do Rio Madeira apartar, será a vez do Purus
O Rio Madeira chegou, no final de setembro último, aos mais baixos níveis de sua história, comprometendo as características ecológicas da bacia hidrográfica e, o que incomoda a todos, a sua travessia. Crise de abastecimento, de gasolina por exemplo, deixou a população do Acre preocupada com o isolamento. No entanto, autoridades dirão que a degradação do Madeira é problema de Rondônia e assim vai.
Restaurar mata ciliar é prioridade
Em meio às discussões acerca da redução da largura das matas ciliares dos rios e outros fluxos de água, como pretende o equivocado projeto de alteração do Código Florestal, chamou atenção as condições nas quais a área de mata ciliar se encontra, em todas as regiões: desmatada. Quando a notícia é boa, o remanescente de mata ciliar não chega a 50% do que a legislação atual exige. Restauração florestal de mata ciliar, em especial na Amazônia, é mais que prioridade. Visite o blog Restaurar mata ciliar é prioridade. Visite o blog do Projeto Ciliar Só-Rio Acre: http://ciliarsorioacre.blogspot.com/ e saiba mais.
Parece ter mais bois nas margens dos rios amazônicos do que nas margens das rodovias pavimentadas, essa foi a impressão da equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Acre e da Unesp que percorreram o Purus, no trecho entre Sena Madureira e Manuel Urbano, no âmbito de um projeto aprovado pelo CNPq para avaliar as condições da mata ciliar. A conclusão é, no mínimo, triste.
Ciência nacional defende ampliar mata ciliar
Considerada uma vitória dos ambientalistas o adiamento da votação do Código Florestal para próxima quarta-feira, dia 1152011, renovou e esperança dos que se preocupam com a manutenção das florestas, em especial aquelas existentes nas matas ciliares e na Reserva Legal. Para os cientistas brasileiros, reunidos na Academia Brasileira de Ciência e na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência mais que mantidas as florestas devem ser ampliadas, pois são estratégicas para o futuro.
Inventário florestal descreve a mata ciliar
Realizar pesquisa para produzir informações técnicas a serem usadas, para resolver as graves condições de degradação do Rio Acre, foi o que motivou a Engenharia Florestal da Ufac para aprovar, no CNPq, projeto de 200.000 reais que mapeou o desmatamento na mata ciliar ao longo dos oito municípios cortados pelo rio, inventariou o remanescente florestal e encontrou as 20 espécies florestais de maior importância para restauração florestal.
Um punhado de florestas a menos
Mais de 400 Deputados votaram a favor dos pecuaristas e menos de 70 ficaram do lado do setor florestal, dos cientistas e dos ambientalistas, nas votações sobre o novo Código Florestal. O argumento frágil da segurança jurídica foi repetido pelos defensores do agronegócio. Na verdade, segurança jurídica esta relacionada com a titulação da propriedade, o que vem sendo resolvido com o programa Terra Legal, e não com a existência de regras de uso dos recursos, essenciais para evitar degradação.
Vereadores de Porto Acre discutem Ciliar Só-Rio
Na próxima terça-feira, dia 16 de agosto, pesquisadores da UFAC apresentarão os resultados das pesquisas realizadas na mata ciliar do Rio Acre, na Câmara de Vereadores de Porto Acre. Essa é a primeira de oito audiências a serem realizadas nas cidades cortadas pelo rio. A última será no final de setembro em Assis Brasil. Com resultados pioneiros os pesquisadores esperam convencer os vereadores a discutirem uma Lei Municipal de Mata Ciliar. Imperdível.
Bolsa verde chega à mata ciliar
Com uma medida inédita, o governo federal instituiu o Programa Bolsa Verde, que vai pagar 100 reais por mês para que os produtores, que residem em Unidades de Conservação e em Mata Ciliar, conservem suas florestas. Reconhecer o serviço ambiental prestado pelo ecossistema florestal amazônico é, sem dúvida, o caminho mais curto para a sustentabilidade da ocupação produtiva da região.
Mata Ciliar não é Reserva Legal
Uma confusão conceitual sobre a função da Reserva Legal e da Mata Ciliar permanece no texto do novo Código Florestal aprovado pelos Deputados e Senadores. Acontece que enquanto a Reserva Legal é destinada à conservação da floresta – e pode e deve ser manejada, para extração de madeira, por exemplo -, a Mata Ciliar é Área de Preservação Permanente; nela, em hipótese alguma, pode ocorrer a derrubada de árvores.
Código Florestal: sobre rios temporários e acordos
Após ser aprovada na Câmara dos Deputados, a Medida Provisória sobre o novo Código Florestal entrará na pauta do Senado. Pela proposta aprovada pelos Deputados Federais defensores do agronegócio, a área de floresta denominada mata ciliar, que protege o rio e garante a quantidade e a qualidade de água que chega à casa da população, será reduzida a uma extensão mínima. Se os Senadores também aprovarem o texto sem modificação, restará à Presidente Dilma decidir se engole o sapo ou se continua a briga com os ruralistas, que já dura 2 anos.
Parlamentares insanos aprovam fim da mata ciliar
Na próxima semana a Presidente Dilma terá que tomar uma decisão difícil: vetar ou não as alterações do Código Florestal aprovadas no Congresso. Acontece que, além de reduzirem de forma sensível a largura da mata ciliar, os parlamentares cometeram o desatino de permitir o plantio de frutíferas (como laranjas por exemplo) nas margens dos rios, a título de restauração da mata ciliar. Uma medida que não possui qualquer fundamento técnico e que significa, de fato, o fim da mata ciliar. Agora mais que nunca: Veta Dilma!
Sobre a alagação de 2012 na várzea do rio Amazonas
Quem navega pelo rio Amazonas, hoje, em outubro, não acredita que é o mesmo rio de maio. A diferença de vazão, entre a inundação recorde do início de 2012 e a baixa atual, é algo difícil de entender. As perdas (causadas pela alagação) na produção de sementes de cacau, cujo cultivo ocupa a mata ciliar, atingiram mais da metade da safra. Agora, enquanto o produtor está ocupado em sua segunda atividade mais importante para a geração de renda, a pesca, os plantios de cacau lentamente se recuperam. Um novo ciclo vai começar.
A inclusão do cacau nativo na cesta de produtos ofertados pelos extrativistas e agricultores familiares que habitam as margens do rio Purus, em especial no município de Boca do Acre, no Amazonas, adquire grande importância, na medida em que contribui para a geração de trabalho e renda na região e, por conseguinte, para a melhoria das condições sociais desses pequenos produtores, que vivem em estágio elevado de isolamento.
Não menos importante, a exploração do cacau promove o uso sustentável da diversidade biológica existente no ecossistema florestal da Amazônia, uso este, por sua vez, que se apresenta como a principal saída para a manutenção da floresta.
A fim de ampliar a produtividade dos extrativistas associados à Cooperar, uma cooperativa sediada no Município de Boca do Acre-AM, aumentando de 9 para 40 toneladas a quantidade de sementes de cacau ofertada pela cooperativa, foi realizado, numa primeira etapa, um amplo levantamento, estruturado em seis estudos principais: mapeamento da dispersão do cacau nativo com imagem de satélite; inventário florestal da área de ocorrência; logística de produção da semente de cacau; socioeconomia da população extrativista envolvida na produção; genética dos cacaueiros; e teste dos protocolos de manejo.
Esses estudos são subsidiários ao Plano de Manejo Florestal Comunitário, documento que tem duas finalidades importantes: servir de referência para a Cooperar gerenciar a produção e chegar às 40 toneladas de cacau nativo demandadas; e possibilitar o licenciamento ambiental da cadeia produtiva do cacau nativo do Purus.
Com a conclusão do Plano de Manejo, dá-se início à implementação do mesmo. Ocorre que o Plano prevê a execução de seis Protocolos de Manejo (sendo que cada um representa algum tipo de inovação tecnológica) que, no conjunto, ampliarão a produção no povoamento nativo de cacau para alcançar as 40 toneladas demandadas pelo contrato comercial da Cooperar.
O projeto opera em duas frentes:
(a) Atender à demanda dos manejadores de cacau por assistência técnica e por inovações tecnológicas;
(b) Atender à demanda da academia por informações acerca da viabilidade da aplicação dos Protocolos de Manejo.
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O projeto realiza a inserção do manejo semi-intensivo de paca (Agouti paca) no sistema agroflorestal mais antigo do Acre, localizado no Município de Acrelândia-AC, e que conta com mais de 25 anos de instalação de um consórcio entre cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e seringueira (Hevea brasiliensis).
O objetivo é encontrar respostas em relação ao potencial econômico e florestal desse tipo de manejo, e também quanto à aplicabilidade de materiais de ocorrência local no processo construtivo do criatório.
A metodologia prevê o pastoreio de um plantel estimado de 20 animais, sendo 6 fêmeas, 2 machos e 12 filhotes. A infra-estrutura compreende cercamento, currais, comedouros, área de descanso e pastoreio, em cuja construção são concebidos projetos adequados à realidade da pequena produção, incluindo o uso de matéria-prima corrente na região de Acrelândia.
O projeto atua na definição das seguintes variáveis, imprescindíveis ao manejo de paca em sistema agrosilvopastoril:
(a) Densidade animal ótima;
(b) Conteúdo proteico de ração complementar;
(c) Taxa e período de abate;
(d) Adequação de materiais locais para uso em infraestrutura;
(e) Redução de custos oriundos do uso de materiais e de processos construtivos compatíveis com a realidade rural de Acrelândia;
(f) Potencial multiplicador do sistema agrosilvopastoril com espécies vegetais e faunísticas nativas da Amazônia.
Durante mais de trezentos anos de ocupação produtiva da floresta, consolidou-se uma dupla dependência: os extrativistas sobrevivem do recurso florestal, e a floresta sobrevive do extrativista. É o extrativismo, elevado ao patamar tecnológico do manejo florestal de uso múltiplo, a principal alternativa produtiva e, de outra banda, a principal barreira para impedir o avanço do desmatamento sobre a floresta.
Os extrativistas manejam um leque variado de produtos da floresta. Estão incluídos nesse leque os pescados, a fauna silvestre, as resinas, as frutas, as gomas, e assim por diante.
Cada grupo, ou segmento produtivo, decompõe-se em várias categorias, com dinâmica produtiva e realidade de mercado próprias, numa cadeia infindável de possibilidades de empreendimentos que podem se transformar em linhas de financiamento, formando desse modo uma “Carteira de Microcrédito Florestal”.
O potencial de impacto do microcrédito florestal mostra-se impressionante. Trata-se de instrumento de inclusão social, de redução da pobreza e consolidação do desenvolvimento sustentável na Amazônia. Afinal, os beneficiados são populações tradicionais da Amazônia, ou seja, gerações e gerações que, desde o final do século dezenove, vêm mantendo uma relação produtiva com o recurso florestal.
A Carteira de Microcrédito Florestal da Andiroba assume duas prioridades:
(a) Possibilitar o acesso dos extrativistas ao crédito, por meio do uso de garantias de relacionamento entre o agente e o tomador do empréstimo; e
(b) Promover uma produção florestal inserida nos ideais de sustentabilidade atualmente preconizados.
O Microcrédito Florestal da Andiroba atinge uma clientela de 7.600 empreendedores, segmentados em extratores de borracha (1.200); coletores de castanha (800); manejadores florestais (2.000); beneficiadores de produtos florestais (1.600); e vendedores de produtos florestais (2.000).
PRÊMIO FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL DE TECNOLOGIA SOCIAL, edição 2005;
PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIAL – ASHOKA/MCKINSEY, edição 2006;
PRÊMIO ODM BRASIL – OBJETIVOS DO MILÊNIO, edição 2008;
PRÊMIO SAMUEL BENCHIMOL, edição 2014.