Artigos semanais publicados aos domingos.
Receba nossos artigos.

Loading

Discussões que caducaram e ninguém se deu conta

Ecio Rodrigues & Aurisa Paiva, 01/01/2006

A discussão acerca dos comprometimentos sociais e ambientais do processo de ocupação da Amazônia ganhou duras críticas no decorrer da década de 1980. Com a decadência do regime autoritário, foi possível detectar que a obsessão pela ocupação a qualquer preço da região trouxe um rastro de desequilíbrios sociais e ecológicos, com custos de recuperação bem superiores aos benefícios dela decorrentes. A ocupação em nome da soberania, impregnada de um discurso nacionalista que convenceu parcela significativa da nossa intelectualidade, sobretudo a dos “paulistas”, parece ter sido ultrapassada, apesar da existência, barulhenta, de alguns poucos adeptos.

As críticas eram sustentadas em levantamentos de pesquisadores, a maioria amazônidas, que garantiam a ineficácia daquele modelo de ocupação. O monocultivo, quer seja de grãos, quer seja de capim, realizado em larga escala e destinado à exportação invadiu o ecossistema florestal, transformando a paisagem e o clima, de áreas expressivas, proporcionais à dimensão territorial da Amazônia.

Uma área desmatada e queimada de tamanha extensão que chamou a atenção do mundo e disparou um alerta importante sobre a responsabilidade dos brasileiros sobre um bioma, que é seu, mas que possui significado internacional. A resposta, como não poderia deixar de ser, foi imediata e contou, para satisfação e elevação do orgulho dos acreanos, com o crucial envolvimento do maior contingente de produtores, existente na região: os incansáveis seringueiros extrativistas que ainda habitavam o interior do ecossistema florestal.

São aqueles mesmos seringueiros que teimavam em continuar ocupando a floresta ainda que abandonados pelas políticas públicas. Líderes como Wilson Pinheiro e Chico Mendes ousaram defender o indefensável: que era possível uma convivência produtiva com o ecossistema florestal da Amazônia. Afinal, eles se inspiravam no exemplo concreto da borracha e da castanha, espécies que há mais de um século eram manejadas pelos extrativistas, sem colocar em risco a manutenção da floresta.

Uma mensagem facilmente compreendida por sua base sindical que concebeu e reivindicou a legalização de áreas onde essa convivência, entre o extrativista e a floresta, seria materializada. Criaram-se, assim, as Reservas Extrativistas, um modelo de ocupação produtiva da região, inventada pelos acreanos, que ganhou o país e o mundo. O extrativismo, por sua vez, um modo de produção que não se atualizava desde o final do século XVIII, pode se elevar tecnologicamente ao manejo florestal de uso múltiplo.

Mas essa recente transformação fundiária no território acreano parece ainda não ter sido inteiramente assimilada. São mais de 50% das terras estaduais destinadas, por efeito de Lei, para atividade do manejo florestal de uso múltiplo. Na forma de Unidades de Conservação, quer sejam de uso sustentável ou de proteção integral, nessas áreas, a agricultura e a pecuária não podem ser praticadas de maneira comercial.

Ou seja, a discussão acerca do melhor modelo de ocupação produtiva, foi, para o caso dessas Unidades de Conservação, encerrada na década de 1990.

Agora não adianta mais. Não existem, na história política brasileira, casos de Unidades de Conservação que, depois de criadas, tenham sido canceladas. Por sinal, nem aquele político mais à direita teria coragem de propor esse tipo de coisa.

Para esses, aproximados oito milhões de hectares e as, igualmente aproximadas, 120 mil pessoas que neles habitam só há uma opção: viabilizar a floresta.

Download .DOC

A inclusão da madeira na cesta de produtos extrativistas

Uma produção extrativista ancorada no binômio castanha e borracha estava fadada à falência…

[leia mais...]

A vez da produção florestal comunitária

A realidade social e econômica acreana passou por profundas transformações nas duas últimas décadas…

[leia mais...]

Com a alagação, Acre não queimará em 2010

A lista de incongruências ambientais e florestais acreanas aumenta com facilidade. Sem ser prerrogativa de um agente econômico, ou ator social, ou ainda, autoridade constituída específica, as incongruências são ditas, ou escritas, com muita desenvoltura por todos, sem exceção, ou algum tipo de discriminação…

[leia mais...]

Com o Legislativo, Acre não queimará em 2010

De maneira geral – e notadamente no período eleitoral – os parlamentares acreanos sempre se posicionam em defesa dos produtores rurais…

[leia mais...]

Com piscicultura, Acre não queimará em 2010

O armazenamento de água em açudes só traz resultados positivos. Além do armazenamento por si já se configurar em um regime de uso equilibrado da água, o açude contribui para elevação da umidade relativa e a conseqüente redução dos riscos de incêndios florestais…

[leia mais...]

Com sistemas agroflorestais, Acre não queimará em 2010

A possibilidade de se alterar a maneira como se dava a produção agropecuária na Amazônia chegou à região no final da década de 1980…

[leia mais...]

Com tecnologia, Acre não queimará em 2010

O tom de desculpas públicas percebido nas entrelinhas da nota divulgada pelo Ministério Público estadual para justificar seu posicionamento com relação às queimadas fornece uma leitura clara da dimensão política que essa nefasta prática assumiu…

[leia mais...]

É preciso aumentar o valor da floresta

O ecossistema florestal amazônico, que sempre deslumbra o mais frio observador, exige, quase que de maneira natural, uma adequação dos investimentos públicos e privados à sua realidade…

[leia mais...]

Em 2010, a queimada estará banida no Acre

Banir é uma expressão forte. Erradicar também. Pois bem, em 2010, a prática da queimada na agropecuária estará banida e erradicada no Acre.

[leia mais...]

Em 2010, Acre não queimará

15/01/2006

Em 2010, o Acre não queimará. Isso significa que toda e qualquer queimada será coibida e considerada ilegal. Não se fala das fogueiras maravilhosas das festas tradicionais de meio de ano, mas, sim, das queimadas comumente usadas na produção agropecuária. Significa mais, que temos quase quatro anos para preparar o terreno para que isso ocorra sem convulsões sociais ou outras questões de toda ordem.

[leia mais...]

Fundo Nacional de Meio Ambiente vai mudar para melhor

01/01/2006

Em sua reunião ordinária realizada em Brasília, dias 23 e 24 últimos, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Meio Ambiente deu continuidade a uma série de transformações que fornecerão ao Fundo uma nova maneira de atuar e de financiar iniciativas voltadas para a conquista da sustentabilidade.

[leia mais...]

Identidade florestal de Assis Brasil

Até bem pouco tempo Assis Brasil era de manga. Para chegar lá era muito difícil e de lá não se ia a canto algum, a única opção era voltar para Brasiléia e por isso era de manga…

[leia mais...]

Logística no uso múltiplo da floresta

Um dos principais desafios a serem superados na operacionalização do manejo florestal de uso múltiplo se refere ao elevado grau de organização produtiva requerido…

[leia mais...]

Manejo comunitário na Amazônia

O envolvimento da sociedade civil com o manejo florestal, ocorrido de maneira mais expressiva durante a década de 1990, pode ser considerado decisivo tanto na demonstração de que a alternativa florestal era possível…

[leia mais...]

Microcrédito florestal e o Nobel da Paz

22/10/2006

São raros os casos nos quais o Prêmio Nobel da Paz é concedido para pessoas ou instituições que atuam fora dos temas da cooperação internacional voltada à promoção da compreensão, caridade e da paz (entendendo paz como ausência de conflitos ou de guerra)…

[leia mais...]

Microcrédito florestal para extrativistas

01/01/2006

O Acre vem construindo, com muito esforço, uma marca de sustentabilidade. Desde o final da década de 1980…

[leia mais...]

O Alto Acre é o lugar da sustentabilidade

É bem provável que nenhuma outra região da Amazônia tenha sido palco de tamanha gama de experiências produtivas, ditas sustentáveis, que a região do Alto Acre, no estado de mesmo nome…

[leia mais...]

O BID e a cooperação florestal com o Acre

Em fevereiro de 1988 uma área com 41.000 hectares no Vale do Rio Acre foi transformada na primeira unidade de Reserva Extrativista da Amazônia, denominada de São Luís do Remanso…

[leia mais...]

O conceito do uso múltiplo da floresta

O conceito de uso múltiplo da floresta possui origem recente. Até a segunda metade da década de oitenta, a idéia de uso múltiplo se restringia às diversas possibilidades de beneficiamento da madeira de determinada espécie.

[leia mais...]

Política e o fim das queimadas no Acre

08/01/2006

Os dois maiores problemas ambientais da Amazônia são o desmatamento e a irmã deste, a queimada…

[leia mais...]

Política florestal e legitimômetro eleitoral

12/11/2006

Durante o anúncio oficial do vencedor do segundo turno das eleições presidenciais, uma repórter, distraidamente, perguntou ao presidente do TSE se a formidável vantagem obtida pelo candidato à reeleição (o presidente Lula) sobre o seu adversário conferir-lhe-ia “maior legitimidade” para governar o país por mais quatro anos. Ao que o ministro, igualmente distraído, respondeu afirmativamente. Foi instituído, desse modo, em nossa jovem democracia, o legitimômetro eleitoral. Tal qual a urna eletrônica, trata-se de invenção tupiniquim.

[leia mais...]

Preservacionismo e conservacionismo na Amazônia

01/01/2006

O ambientalismo, desde o seu surgimento, e mais especialmente no início do século XX, debate-se entre o preservacionismo e o conservacionismo.

[leia mais...]

Pronaf Florestal para a Amazônia

09/07/2006

Em sua 46ª reunião, realizada em Brasília nos últimos dias 28 e 29 de junho, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), analisou e aprovou as propostas enviadas ao Edital 01/2006…

[leia mais...]

Tecnologia e diversidade biológica na Amazônia

01/01/2006

Os desafios para se viabilizar uma economia florestal na região amazônica são imensos…

[leia mais...]

Um legado acreano com certeza

A história da ocupação social e econômica da Amazônia é repleta de exemplos da estreita relação do produtor, à época chamado de extrativista, com o recurso florestal…

[leia mais...]