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Logística no uso múltiplo da floresta

Ecio Rodrigues & Aurisa Paiva, 01/01/2006

Um dos principais desafios a serem superados na operacionalização do manejo florestal de uso múltiplo se refere ao elevado grau de organização produtiva requerido. Trata-se de se estabelecer uma cronologia de extração, coleta e beneficiamento primário de um variado conjunto de produtos florestais oriundos de uma mesma unidade de produção, a colocação, com emprego de mão-de-obra unicamente familiar.

Para se ter uma idéia comparativa basta rever o aparato institucional e de atividades que envolveram a produção de borracha. O sistema estruturado sob as casas de aviamento, seringalistas e seringueiros, que operava a extração, beneficiamento, transporte e exportação, exigia uma logística impressionante para as condições amazônicas. Em que pese as denúncias de favorecimento dos elos mais fortes dessa cadeia, as casas e os seringalistas, o sistema tinha um funcionamento de extrema competência e eficiência.

Evidente que, exceto a madeira, nenhum outro produto oriundo do uso múltiplo da floresta hoje teria condições de se equiparar ao desempenho comercial da borracha, mas, um leque de trinta ou mais produtos, incluindo a madeira, pode vir a significar volumes de produção semelhantes e até superiores. Uma nova logística de produção e transporte, precisa ser concebida e estruturada, em especial àquela relacionada às operações realizadas no interior do ecossistema florestal.

Um exemplo simples fornece uma idéia clara acerca da dimensão do desafio tecnológico proposto para os técnicos ligados ao tema. Partindo-se da premissa de que a média de área abrangida por cada colocação de seringueiro é de 300 hectares com, no mínimo, três estradas de seringa, as Áreas de Manejo (espaço destinado à produção de madeira e outros produtos que não seringa) estariam localizadas no interior de cada estrada (o que envolveria 100 hectares da colocação), distante 40 metros dos seus limites, onde seriam demarcados 10 compartimentos de exploração, de hectares cada um, perfazendo um total de 10 compartimentos por estrada de seringa (ou seja 60% da área total), para um ciclo de corte de madeira de 30 anos, considerando-se as três estradas que seriam manejadas.

Os outros produtos florestais a serem manejados e comercializados seriam eleitos também de acordo com os mesmos critérios dos produtos madeireiros. Eles seriam explorados conforme a disponibilidade existente em cada compartimento de cada Área de Manejo e de acordo com as informações disponíveis sobre a autoecologia (comportamento no ambiente) de cada espécie vegetal ou animal a ser manejada.

O traçado de orientação da exploração dentro e entre compartimentos definidos como Estradas de Manejo funcionariam como trilhas de arraste e de escoamento da produção até as margens do Varadouro Real (uma via de escoamento de chão batido e com dois metros de largura para trânsito de comboios e pequenos tratores), que faria a ligação entre as unidades de produção (colocações) com a sede da Associação.

Até a chegada do produto às margens do Varadouro Real o sistema de produção seria individual/familiar na colocação, com um nível considerado primário de beneficiamento. O produto adquirido e recolhido pela associação no Varadouro Real, passaria para o sistema associativo/coletivo de produção, com um nível secundário de beneficiamento e o máximo possível de valor agregado.

O Manejador Florestal teria renda tanto ao comercializar seu produto com a Associação como também com a distribuição dos dividendos do resultado líquido do balanço da Associação, através do método das cotas/parte.

A divisão dos momentos individuais e coletivos de produção é fundamental para premiar e estimular o esforço empreendido no manejo e também para propiciar sua viabilidade do ponto de vista econômico. O investimento realizado na colocação, relativos basicamente ao equipamento de derrubada/traçamento para a madeira, de extração e limpeza para os não-madeireiros seria compatível com a capacidade financeira da colocação.

Por fim, todo cabedal de ações tanto de caráter técnico (Inventário geral da área, Inventário Pré-exploratório a 100%, Planejamento de Exploração) como também de equipamentos para beneficiamento secundário (Serraria Portátil, Plainas, Tornos) requerem um nível de investimentos proibitivos a uma colocação isoladamente, mas possível através de Associações e do evidente apoio público.

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Em 2010, Acre não queimará

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