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O conceito do uso múltiplo da floresta

Ecio Rodrigues & Aurisa Paiva, 01/01/2006

O conceito de uso múltiplo da floresta possui origem recente. Até a segunda metade da década de oitenta, a idéia de uso múltiplo se restringia às diversas possibilidades de beneficiamento da madeira de determinada espécie. Móveis, serrados, compensados, lâminas, carvão, pequenos objetos etc eram os produtos que os múltiplos usos da madeira permitiam.

A Engenharia Florestal naquele momento não conseguia “ver a floresta que havia além das árvores” – provérbio inglês comumente usado em macroeconomia. A versão contemporânea do conceito de uso múltiplo da floresta parece ter sido melhor formulada no Acre, onde a existência de uma parcela significativa da população, vivendo no interior da floresta, de certa maneira fez com que a potencialização da geração de renda da floresta se tornasse uma questão de sobrevivência.

É possível, inclusive, determinar horizontes temporais distintos, nos quais se identifica com nitidez uma constante tentativa de superação dos diversos entraves à competitividade da floresta.

Até 1987, a extração de borracha e castanha, apesar de praticada da mesma forma há mais de um século e já não contar com apoio público por pelo menos 30 anos, ainda era a base da economia acreana.

Os dois produtos, juntos, eram responsáveis pela maior parte da arrecadação de ICMS. A sua exploração era considerada uma atividade adequada do ponto de vista ambiental, pois não causava danos à floresta, ao contrário do que se pensava da extração de madeira. Nesse contexto, ambientalistas e seringueiros uniram-se e conseguiram garantir a criação, até aquele momento, de quase dois milhões de hectares de reservas extrativistas.

No final da década de 1980, o desafio tecnológico era a industrialização da castanha para exportação e a diversificação da matéria-prima de borracha oferecida pelo seringueiro às usinas. Foram Investidos recursos consideráveis no desenvolvimento de tecnologias e na capacitação de seringueiros para a produção de placa bruta defumada, de tecido encauchado e para o uso de ácido pirolenhoso para defumação a frio, entre outros.

No entanto, no final das contas, a borracha praticamente deixou de ser um produto e quase sumiu das estatísticas de produção amazônica, experimentando, atualmente, talvez, um breve suspiro com providenciais subsídios instituídos pelos governos federal e estadual. As alternativas tecnológicas para produtos da borracha, além de complicarem, na maioria das vezes, mais ainda a vida dos seringueiros, não resolveram a questão mais importante da produção nativa, que é o aumento de sua competitividade. O inimigo não é mais a produção da Malásia, que tanto fez fortalecer os brios nacionalistas, mas sim a dos compatriotas paulistas que, desde 1993, vêm batendo o próprio recorde de produção.

A castanha, por sua vez, não deslanchou por problemas que vão desde mera fragilidade gerencial até questões complexas como a inelasticidade do preço internacional. A falência da base produtiva amparada no binômio borracha/castanha forçou a busca por outros produtos florestais.

Já no início da década de 1990 começou-se a perceber a floresta de forma holística, ou seja, como um todo, com seus inúmeros ecossistemas, capazes de produzir um leque variado de produtos. Chamou-se, então, de Manejo Florestal de Uso Múltiplo essa atividade-fim da Engenharia Florestal amazônica, que passou a ser referência em projetos e trabalhos científicos como alternativa para viabilização econômica da floresta. Manejando-se adequadamente a floresta seria possível explorá-la sem comprometer a sua diversidade biológica, hoje e no futuro.

No Acre, em face da peculiaridade demográfica do estado, onde uma elevada parcela da população habita os ecossistemas florestais, imaginou-se, de forma correta, que a sustentabilidade ambiental e social do uso múltiplo só seria alcançada se essas comunidades dominassem a técnica e gerissem sua operacionalização. Para que isso ocorresse, os produtos denominados não-madeireiros funcionariam como atrativos especiais para o seringueiro. Primeiro, porque a exploração desses produtos já fazia parte da tradição extrativista. Segundo, devido a seus baixos custos de exploração e, terceiro, diante do mínimo ou quase nenhum impacto ambiental causado.

Depois que ocorresse uma a diversificação na base produtiva mediante a exploração desses produtos, os agora manejadores florestais estariam aptos a realizar o manejo da madeira, que envolve formas de gestão comunitária bem mais complexas. Nesse momento, o manejo florestal de uso múltiplo e gestão comunitária realizar-se-ia de maneira plena.

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A inclusão da madeira na cesta de produtos extrativistas

Uma produção extrativista ancorada no binômio castanha e borracha estava fadada à falência…

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A vez da produção florestal comunitária

A realidade social e econômica acreana passou por profundas transformações nas duas últimas décadas…

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Com a alagação, Acre não queimará em 2010

A lista de incongruências ambientais e florestais acreanas aumenta com facilidade. Sem ser prerrogativa de um agente econômico, ou ator social, ou ainda, autoridade constituída específica, as incongruências são ditas, ou escritas, com muita desenvoltura por todos, sem exceção, ou algum tipo de discriminação…

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Com o Legislativo, Acre não queimará em 2010

De maneira geral – e notadamente no período eleitoral – os parlamentares acreanos sempre se posicionam em defesa dos produtores rurais…

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Com piscicultura, Acre não queimará em 2010

O armazenamento de água em açudes só traz resultados positivos. Além do armazenamento por si já se configurar em um regime de uso equilibrado da água, o açude contribui para elevação da umidade relativa e a conseqüente redução dos riscos de incêndios florestais…

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Com sistemas agroflorestais, Acre não queimará em 2010

A possibilidade de se alterar a maneira como se dava a produção agropecuária na Amazônia chegou à região no final da década de 1980…

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Com tecnologia, Acre não queimará em 2010

O tom de desculpas públicas percebido nas entrelinhas da nota divulgada pelo Ministério Público estadual para justificar seu posicionamento com relação às queimadas fornece uma leitura clara da dimensão política que essa nefasta prática assumiu…

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Discussões que caducaram e ninguém se deu conta

A discussão acerca dos comprometimentos sociais e ambientais do processo de ocupação da Amazônia ganhou duras críticas no decorrer da década de 1980…

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É preciso aumentar o valor da floresta

O ecossistema florestal amazônico, que sempre deslumbra o mais frio observador, exige, quase que de maneira natural, uma adequação dos investimentos públicos e privados à sua realidade…

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Em 2010, a queimada estará banida no Acre

Banir é uma expressão forte. Erradicar também. Pois bem, em 2010, a prática da queimada na agropecuária estará banida e erradicada no Acre.

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Em 2010, Acre não queimará

15/01/2006

Em 2010, o Acre não queimará. Isso significa que toda e qualquer queimada será coibida e considerada ilegal. Não se fala das fogueiras maravilhosas das festas tradicionais de meio de ano, mas, sim, das queimadas comumente usadas na produção agropecuária. Significa mais, que temos quase quatro anos para preparar o terreno para que isso ocorra sem convulsões sociais ou outras questões de toda ordem.

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Fundo Nacional de Meio Ambiente vai mudar para melhor

01/01/2006

Em sua reunião ordinária realizada em Brasília, dias 23 e 24 últimos, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Meio Ambiente deu continuidade a uma série de transformações que fornecerão ao Fundo uma nova maneira de atuar e de financiar iniciativas voltadas para a conquista da sustentabilidade.

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Identidade florestal de Assis Brasil

Até bem pouco tempo Assis Brasil era de manga. Para chegar lá era muito difícil e de lá não se ia a canto algum, a única opção era voltar para Brasiléia e por isso era de manga…

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Logística no uso múltiplo da floresta

Um dos principais desafios a serem superados na operacionalização do manejo florestal de uso múltiplo se refere ao elevado grau de organização produtiva requerido…

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Manejo comunitário na Amazônia

O envolvimento da sociedade civil com o manejo florestal, ocorrido de maneira mais expressiva durante a década de 1990, pode ser considerado decisivo tanto na demonstração de que a alternativa florestal era possível…

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Microcrédito florestal e o Nobel da Paz

22/10/2006

São raros os casos nos quais o Prêmio Nobel da Paz é concedido para pessoas ou instituições que atuam fora dos temas da cooperação internacional voltada à promoção da compreensão, caridade e da paz (entendendo paz como ausência de conflitos ou de guerra)…

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Microcrédito florestal para extrativistas

01/01/2006

O Acre vem construindo, com muito esforço, uma marca de sustentabilidade. Desde o final da década de 1980…

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O Alto Acre é o lugar da sustentabilidade

É bem provável que nenhuma outra região da Amazônia tenha sido palco de tamanha gama de experiências produtivas, ditas sustentáveis, que a região do Alto Acre, no estado de mesmo nome…

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O BID e a cooperação florestal com o Acre

Em fevereiro de 1988 uma área com 41.000 hectares no Vale do Rio Acre foi transformada na primeira unidade de Reserva Extrativista da Amazônia, denominada de São Luís do Remanso…

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Política e o fim das queimadas no Acre

08/01/2006

Os dois maiores problemas ambientais da Amazônia são o desmatamento e a irmã deste, a queimada…

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Política florestal e legitimômetro eleitoral

12/11/2006

Durante o anúncio oficial do vencedor do segundo turno das eleições presidenciais, uma repórter, distraidamente, perguntou ao presidente do TSE se a formidável vantagem obtida pelo candidato à reeleição (o presidente Lula) sobre o seu adversário conferir-lhe-ia “maior legitimidade” para governar o país por mais quatro anos. Ao que o ministro, igualmente distraído, respondeu afirmativamente. Foi instituído, desse modo, em nossa jovem democracia, o legitimômetro eleitoral. Tal qual a urna eletrônica, trata-se de invenção tupiniquim.

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Preservacionismo e conservacionismo na Amazônia

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O ambientalismo, desde o seu surgimento, e mais especialmente no início do século XX, debate-se entre o preservacionismo e o conservacionismo.

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Pronaf Florestal para a Amazônia

09/07/2006

Em sua 46ª reunião, realizada em Brasília nos últimos dias 28 e 29 de junho, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), analisou e aprovou as propostas enviadas ao Edital 01/2006…

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Tecnologia e diversidade biológica na Amazônia

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Os desafios para se viabilizar uma economia florestal na região amazônica são imensos…

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Um legado acreano com certeza

A história da ocupação social e econômica da Amazônia é repleta de exemplos da estreita relação do produtor, à época chamado de extrativista, com o recurso florestal…

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