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Tecnologia e diversidade biológica na Amazônia

Ecio Rodrigues & Aurisa Paiva, 01/01/2006

Os desafios para se viabilizar uma economia florestal na região amazônica são imensos. Apesar das promessas de rendimentos vultosos que a exploração da diversidade biológica da região sugere, na prática ainda não se encontrou um modelo ideal de desenvolvimento florestal, ancorado nos ideais de sustentabilidade atualmente aceitos em nível internacional.

Ou por restrições ecológicas, ou por restrições econômicas, ou, ainda, por restrições sociais, a exploração sustentável dos produtos florestais na Amazônia suscita discussões acaloradas na maioria dos setores da sociedade. Essa recepção social, na maioria das vezes, vem carregada com elevado nível de desinformação, que reforça no imaginário popular a sensação de que as instituições nacionais não possuem competência para apontar um caminho.

A percepção da sociedade com relação à Amazônia é impregnada por duas falsas certezas perigosas: riqueza e saque. O primeiro pensamento é que existe um eldorado, que ainda esta por ser descoberto, equivalente às maiores riquezas mundiais que, por isso, transformará a região em um oásis de fartura e fortuna, com tesouros incontáveis para quem conseguir desbravá-la. Já o segundo pensamento, ainda mais grave, sustenta que a cobiça internacional está voltada para o saque da região, que a qualquer momento poderá ser invadida. Dois pensamentos equivocados que costumam gerar muita histeria e pouquíssimas providências.

Na verdade ocorre que, com relação a tão propalada riqueza, ainda não trouxe nada de concreto para a região, a não ser o famoso, exuberante e esquecido ciclo da borracha, que teve duração limitada e não conseguiu transformar as riquezas geradas em investimentos produtivos consolidados na própria região. O fato é que a diversidade biológica, com exceção feita à produção de madeira, ainda encontra vários gargalos para significar fatia representativa do Produto Interno Bruto da Amazônia.

Talvez, o mais grave desses gargalos é que a exploração e o manuseio da diversidade biológica existente, de maneira duradoura e sustentável, esteja diretamente ligada à capacidade das instituições locais em conceber tecnologias apropriadas à realidade desse ecossistema, tecnologias essas, em sua maioria, ainda em desenvolvimento.

Buscar uma solução para o modelo tecnológico de exploração foi o que moveu a academia, os produtores extrativistas e os profissionais ligados à ciência florestal nos últimos 20 anos. Diversas experiências foram concebidas no intuito de demonstrar a viabilidade econômica, social, técnica, ambiental e política do manejo florestal na Amazônia.

Mas, boas novas surgiram, recentemente, com relação ao desenvolvimento científico e tecnológico na Amazônia. Se no início dos anos 1990, a prioridade foi a criação e estruturação de centros voltados à realização de pesquisas na própria região, o momento agora parece ser direcionado à promoção e produção da pesquisa e do pesquisador.

A institucionalização dos fundos setoriais, sobretudo o CT – Amazônia, trouxe um novo ânimo ao fomento da pesquisa. Além de apoiar a realização de pesquisa básica, aplicada e tecnológica, os fundos também promovem a fixação de recursos humanos, sobretudo com mestrado e doutorado na própria região.

Acompanhando essa tendência, o Estado do Amazonas instituiu há três anos seu fundo estadual de ciência e tecnologia e sua fundação de amparo à pesquisa, a Fapeam. Seguindo os moldes dos editais do Ministério de Ciência e Tecnologia, a Fapeam aprovou o investimento de recursos da ordem de 50 milhões de reais em 2006. Com menor dotação orçamentária, mas seguindo o mesmo princípio, estados menores como, por exemplo, o Acre e Amapá, têm demonstrado priorizar a produção científica local.

Um plano estadual de ciência e tecnologia está em processo de discussão e elaboração no Acre. Com envolvimento de um variado leque de instituições e segmentos sociais diretamente afetos ao tema, está sendo possível a construção de uma proposta que tem na elevação da importância econômica da biodiversidade, de maneira sustentável e para sempre, seu maior e mais importante diferencial.

Trata-se, dessa maneira, de uma conjugação de esforços no sentido de propiciar aos reais beneficiários: a população florestal do Acre e da Amazônia, um caminho para melhoria de sua qualidade de vida por meio de atividades produtivas baseadas no uso múltiplo do ecossistema florestal, cujo manejo faz parte de sua labuta.

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A inclusão da madeira na cesta de produtos extrativistas

Uma produção extrativista ancorada no binômio castanha e borracha estava fadada à falência…

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A vez da produção florestal comunitária

A realidade social e econômica acreana passou por profundas transformações nas duas últimas décadas…

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Com a alagação, Acre não queimará em 2010

A lista de incongruências ambientais e florestais acreanas aumenta com facilidade. Sem ser prerrogativa de um agente econômico, ou ator social, ou ainda, autoridade constituída específica, as incongruências são ditas, ou escritas, com muita desenvoltura por todos, sem exceção, ou algum tipo de discriminação…

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Com o Legislativo, Acre não queimará em 2010

De maneira geral – e notadamente no período eleitoral – os parlamentares acreanos sempre se posicionam em defesa dos produtores rurais…

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Com piscicultura, Acre não queimará em 2010

O armazenamento de água em açudes só traz resultados positivos. Além do armazenamento por si já se configurar em um regime de uso equilibrado da água, o açude contribui para elevação da umidade relativa e a conseqüente redução dos riscos de incêndios florestais…

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Com sistemas agroflorestais, Acre não queimará em 2010

A possibilidade de se alterar a maneira como se dava a produção agropecuária na Amazônia chegou à região no final da década de 1980…

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Com tecnologia, Acre não queimará em 2010

O tom de desculpas públicas percebido nas entrelinhas da nota divulgada pelo Ministério Público estadual para justificar seu posicionamento com relação às queimadas fornece uma leitura clara da dimensão política que essa nefasta prática assumiu…

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Discussões que caducaram e ninguém se deu conta

A discussão acerca dos comprometimentos sociais e ambientais do processo de ocupação da Amazônia ganhou duras críticas no decorrer da década de 1980…

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É preciso aumentar o valor da floresta

O ecossistema florestal amazônico, que sempre deslumbra o mais frio observador, exige, quase que de maneira natural, uma adequação dos investimentos públicos e privados à sua realidade…

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Em 2010, a queimada estará banida no Acre

Banir é uma expressão forte. Erradicar também. Pois bem, em 2010, a prática da queimada na agropecuária estará banida e erradicada no Acre.

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Em 2010, Acre não queimará

15/01/2006

Em 2010, o Acre não queimará. Isso significa que toda e qualquer queimada será coibida e considerada ilegal. Não se fala das fogueiras maravilhosas das festas tradicionais de meio de ano, mas, sim, das queimadas comumente usadas na produção agropecuária. Significa mais, que temos quase quatro anos para preparar o terreno para que isso ocorra sem convulsões sociais ou outras questões de toda ordem.

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Fundo Nacional de Meio Ambiente vai mudar para melhor

01/01/2006

Em sua reunião ordinária realizada em Brasília, dias 23 e 24 últimos, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Meio Ambiente deu continuidade a uma série de transformações que fornecerão ao Fundo uma nova maneira de atuar e de financiar iniciativas voltadas para a conquista da sustentabilidade.

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Identidade florestal de Assis Brasil

Até bem pouco tempo Assis Brasil era de manga. Para chegar lá era muito difícil e de lá não se ia a canto algum, a única opção era voltar para Brasiléia e por isso era de manga…

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Logística no uso múltiplo da floresta

Um dos principais desafios a serem superados na operacionalização do manejo florestal de uso múltiplo se refere ao elevado grau de organização produtiva requerido…

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Manejo comunitário na Amazônia

O envolvimento da sociedade civil com o manejo florestal, ocorrido de maneira mais expressiva durante a década de 1990, pode ser considerado decisivo tanto na demonstração de que a alternativa florestal era possível…

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Microcrédito florestal e o Nobel da Paz

22/10/2006

São raros os casos nos quais o Prêmio Nobel da Paz é concedido para pessoas ou instituições que atuam fora dos temas da cooperação internacional voltada à promoção da compreensão, caridade e da paz (entendendo paz como ausência de conflitos ou de guerra)…

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Microcrédito florestal para extrativistas

01/01/2006

O Acre vem construindo, com muito esforço, uma marca de sustentabilidade. Desde o final da década de 1980…

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O Alto Acre é o lugar da sustentabilidade

É bem provável que nenhuma outra região da Amazônia tenha sido palco de tamanha gama de experiências produtivas, ditas sustentáveis, que a região do Alto Acre, no estado de mesmo nome…

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O BID e a cooperação florestal com o Acre

Em fevereiro de 1988 uma área com 41.000 hectares no Vale do Rio Acre foi transformada na primeira unidade de Reserva Extrativista da Amazônia, denominada de São Luís do Remanso…

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O conceito do uso múltiplo da floresta

O conceito de uso múltiplo da floresta possui origem recente. Até a segunda metade da década de oitenta, a idéia de uso múltiplo se restringia às diversas possibilidades de beneficiamento da madeira de determinada espécie.

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Política e o fim das queimadas no Acre

08/01/2006

Os dois maiores problemas ambientais da Amazônia são o desmatamento e a irmã deste, a queimada…

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Política florestal e legitimômetro eleitoral

12/11/2006

Durante o anúncio oficial do vencedor do segundo turno das eleições presidenciais, uma repórter, distraidamente, perguntou ao presidente do TSE se a formidável vantagem obtida pelo candidato à reeleição (o presidente Lula) sobre o seu adversário conferir-lhe-ia “maior legitimidade” para governar o país por mais quatro anos. Ao que o ministro, igualmente distraído, respondeu afirmativamente. Foi instituído, desse modo, em nossa jovem democracia, o legitimômetro eleitoral. Tal qual a urna eletrônica, trata-se de invenção tupiniquim.

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Preservacionismo e conservacionismo na Amazônia

01/01/2006

O ambientalismo, desde o seu surgimento, e mais especialmente no início do século XX, debate-se entre o preservacionismo e o conservacionismo.

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Pronaf Florestal para a Amazônia

09/07/2006

Em sua 46ª reunião, realizada em Brasília nos últimos dias 28 e 29 de junho, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), analisou e aprovou as propostas enviadas ao Edital 01/2006…

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Um legado acreano com certeza

01/01/2006

A história da ocupação social e econômica da Amazônia é repleta de exemplos da estreita relação do produtor, à época chamado de extrativista, com o recurso florestal…

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