Quando durante a Rio92, a Conferência da ONU sobre sustentabilidade do desenvolvimento que foi realizada no Rio de Janeiro em 1992, os países aprovaram a Convenção sobre Mudança Climática, poucos acreditavam no acirramento da atual crise ecológica.

Dúvidas sobre o aumento da temperatura planetária inibiram a tomada de decisão da maioria dos representantes dos países, em especial daqueles mais desenvolvidos localizados no hemisfério norte que assumiram postura diplomática protocolar sem se comprometer com quase nada.

Passados cinco anos e com a melhora na aferição científica sobre o aquecimento do planeta, que forneceram dados bem mais robustos sobre alguns elementos químicos com longa permanência longa na atmosfera, em especial o carbono que pode ficar por lá em mais de cem anos, em 1997 foi aprovado o Protocolo de Quioto.

Considerado um primeiro e decisivo passo para inserir na agenda política internacional um conjunto de propostas de ação local voltadas para mitigar o aquecimento planetário, no decorrer dos anos o protocolo se mostrou frágil como instrumento político obrigatório para os países.

Contudo, terminado o século passado e ainda na primeira década do atual, os cientistas divulgaram uma série de estudos analisados pelo painel cientifico da ONU, conhecido por IPCC na sigla em inglês, comprovando e determinando com exatidão considerável as taxas de aumento anual da temperatura.

Com os limites de temperatura planetária determinados com elevada precisão os pesquisadores deram aos representantes políticos as ferramentas para responderem à crescente demanda da sociedade por projetos factíveis.

Foi nesse contexto que, em 2015, foi assinado, na cidade que lhe empresta o nome, o Acordo de Paris.

Considerado o pacto global de maior lastro social para a política internacional de mitigação dos efeitos da mudança no clima, diferente do Protocolo de Quioto, os países foram convidados a apresentar sua contribuição voluntária de modo a ajudar o mundo a sair da crise decorrente do aumento do calor.

O sucesso do Acordo de Paris pode ser medido pela excelente estratégia de fazer com que cada um dos 197 países, que aprovaram o pacto, apresentasse metas de maneira voluntária, mas que, uma vez aprovadas na ONU, deveria ser honrada por obrigação até 2030.

Nós brasileiros, por exemplo, nos comprometemos a gerar mais energia elétrica com placas solares, cata-ventos e, por óbvio diante do potencial natural do país, construindo mais usinas hidrelétricas.

A boa notícia é que estamos honrando nosso compromisso e as fontes de geração alternativa representam atualmente mais de 70% do abastecimento nacional de energia elétrica e, o melhor, com tendência de alta dessa participação até 2030.

Em 2025, o Acordo de Paris completa dez anos, com reconhecido engajamento político de 100% dos países associados a ONU que, no final do ano em Belém do Pará durante a COP30, devem apresentar os avanços na execução de suas metas voluntárias, diante de todos e para escrutínio global.

E nesse escrutínio global, o desmatamento zero da Amazônia será a maior cobrança que o mundo fará aos brasileiros.

Deveremos mostrar que estamos unidos no propósito do desmatamento zero.

Depois de a Escola de Samba Portela vencer o carnaval de 2017 cantando a importância da mata ciliar dos rios, enredos sobre a atual crise ecológica, que eleva a temperatura do planeta, parecem ter perdido tração.

Para quem não se lembra, no Carnaval de 2017 do Rio de Janeiro, a Portela sagrou-se campeã do carnaval carioca decantando a mata ciliar.

Entoando o lindo verso “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”, os portelenses se propuseram a discutir a importância dos rios e a necessidade de preservar o tipo especial de floresta representado pela mata ciliar (veja mais aqui:www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3649).

Por duas fortes razões o esquecimento do tema do aquecimento do planeta e das visíveis e comprovadas alterações no clima, não deixam de significar certo distanciamento dos sambistas em relação à realidade cotidiana.

Preferindo alguns temas com raiz africana, com seus orixás e outros símbolos que, também com muita razão, atraem a imaginação popular, mais de 80% das escolas se dedicaram em esmiuçar lendas e sua assimilação pelos brasileiros.

Voltando as duas razões que deveriam colocar em evidencia o Acordo de Paris, assinado em 2015, e a urgência em frear o uso de petróleo, a primeira delas é que a humanidade corre, de fato, risco.

Tragédias como tsunami, seca e alagação se repetem em meio a um calor intenso por aqui e na Europa, causando prejuízos econômicos exorbitantes que chama atenção, inclusive, de quem se preocupa somente com a economia.

Já a segunda razão é ainda mais evidente.

Nós brasileiros vamos sediar a conferencia das partes sobre mudança climática, ou simplesmente COP30 na sigla em inglês, que acontecerá novembro próximo em Belém, capital do Para.

Será um momento único e oportuno para chamar, mais uma vez diga-se, a atenção do mundo para o desmatamento da Amazônia e os avanços das políticas públicas que cobram muito esforço da sociedade para conservar a maior floresta tropical do planeta.

A escolha de uma cidade amazônica como sede se justificou diante da importância daquele maciço florestal para o planeta e para motivar os países a disponibilizarem dinheiro para financiar projetos de bioeconomia e exploração sustentável da floresta, que permita superar o nefasto e persistente ciclo econômico da pecuária extensiva iniciado nos idos de 1970.

Somente duas escolas trouxeram pequenas exceções que merecem destaque.

A Escola Acadêmicos do Grande Rio, com um samba excelente e o enredo “Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós” vai contar a história do carimbo, dança típica dos paraenses.

E a brilhante Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar” mostrará para onde caminha a humanidade se e quando conseguir superar a atual e emergente crise ecológica.

Toda torcida para a Mocidade mostrar que o futuro do planeta ainda merece destaque. Com muito calor, claro!

Ainda em 2007 a Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia, foi a primeira área coberta por florestas nativas na Amazônia a ser leiloada para exploração por uma indústria madeireira legalmente amparada pelo sistema de Concessão Florestal.

O rigoroso e exigente processo de licitação da época habilitou seis empresas que decorridos todos os vários e extensos prazos para recursos foram submetidas ao crivo de especialistas em uma criteriosa análise da técnica de manejo florestal e de preço para a madeira.

Indústrias como a Amata S/A, Civagro, Porto Júnior, Sakura Madeiras, Consórcio Alex Madeiras e ZN Madeiras, comprovaram sua capacidade operacional e técnica para assumir os custos da aplicação da tecnologia de Manejo Florestal desenvolvida pela engenharia florestal brasileira e adequada à realidade do ecossistema florestal amazônico.

Esse primeiro e ousado passo para concretizar uma economia florestal e de baixo carbono na região foi possível graças a aprovação pelos deputados e senadores do Congresso Nacional da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006).

Considerada, pelos que atuam no setor florestal brasileiro, peça chave para tirar a exploração de madeira da Amazônia do nefasto ciclo de ilegalidades que envolvia empresários e servidores públicos em um emaranhado de irregularidades, a Lei de Gestão de Florestas Públicas além de instituir a Concessão Florestal criou o importante Serviço Florestal Brasileiro para sua operacionalização.

Quase 20 anos depois de a Floresta Nacional do Jamari ter sido leiloada para exploração pelas indústrias não há dúvida acerca do sucesso desse modelo de exploração para organizar uma economia florestal em nível municipal.

Não à toa toda aquela histeria acerca de uma suposta e inacreditável “privatização da Amazônia” ou a temerosa entrega de que a floresta tropical brasileira seria para multinacionais e outras bobagens semelhantes, repetidas às tantas por jornalistas despreparados, foram colocadas à prova e superadas da melhor maneira, com estatísticas.

Os números após quase 3 milhões de hectares de florestas sendo exploradas pelas indústrias da madeira são inquestionáveis, mesmo considerando os dois lados da equação da sustentabilidade.

Do lado da exploração a floresta manejada comprovou sua capacidade permanente e elevada de regeneração natural, antes mesmo de completar a rotação técnica prevista na legislação de 30 anos.

Do lado da geração de riqueza, os municípios em que a Concessão Florestal acontece aumentam o PIB sem ampliar de maneira proporcional o desmatamento, como acontece com a danosa expansão da pecuária extensiva.

Apuí, cidade no sul do Amazonas será a primeira a testar um novo modelo de leilão dentro da Bolsa de Valores. De maneira semelhante ao que ocorre nos leilões de rodovias e hidrelétricas, o ato púbico da abertura dos envelopes e seleção da empresa concessionária vencedora será transmitido em um pregão da B3 em São Paulo.

Será ali, na Bolsa de Valores, onde a riqueza potencial de extensas áreas de florestas localizadas em terras públicas dominadas pelo governo federal poderá ser transformada em riqueza real pela indústria madeireira nacional.

Segundo estimativas do Serviço Florestal, a área de 450.000 hectares da Floresta Nacional de Jatuarana da cidade de Apuí ampliará em 35% a quantidade de florestas públicas manejadas em regime de Concessão Florestal se aproximando da meta de cinco milhões de hectares concedidos até 2027.

Da Floresta Nacional do Jamari em 2007 até a Floresta Nacional de Jatuarana hoje, a economia florestal na Amazônia demonstra potencial para gerar maior riqueza que aquela obtida pelo desmatamento da pecuária extensiva.

Melhor, ampliando o PIB regional com florestas públicas exploradas com tecnologia de manejo aplicada pelas indústrias, o desmatamento zero entra no radar.

Planejada para o período de 10 a 21 de novembro, a trigésima Conferência das Partes da Convenção do Clima, ou simplesmente COP30, começou antes do carnaval com a nomeação do presidente de honra e os acelerados preparativos em Belém, cidade escolhida para sede em 2025.

Desde a Rio92 tenho acompanhado com interesse incomum a realização, pela ONU, das conferências de negociação e detalhamento do que foi decidido nas três Convenções assinadas em 1992 no Rio de Janeiro.

Com recuos e avanços a Convenção do Clima, quando comparada com a Convenção da Biodiversidade e da Agenda 21, foi a que chegou mais perto de um pacto global pela sustentabilidade, com acentuada decisão e determinação política internacional para implantação.

Primeiro ainda em 1997, com a assinatura do Protocolo de Quioto, o mundo se organizou para iniciar a estruturação de um modelo de desenvolvimento em que o peso do petróleo fosse, aos poucos, reduzido.

Apesar de os países repetirem sua forte e permanente preocupação com o desmatamento da Amazônia, no final da década de 1990, os mais de 190 associados da ONU estavam focados na busca da certeza científica de que o planeta estava, de fato, aquecendo.

Apelando para o Princípio da Precaução, uma estratégia um tanto contraditória diante do desafio, os políticos mundo afora se sentiam pouco a vontade para impor regras de transição para uma economia com menos combustível fóssil.

Em 2015, quando todos os países da ONU, ou melhor, do planeta, assinaram o Acordo de Paris a realidade era bem diferente.

Relatórios seguidos do Painel de Cientistas da ONU, IPCC na sigla em inglês, composto por mais de 3.000 pesquisadores representantes de todos os países membros da ONU, forneceram a comprovação científica para superar o Princípio da Precaução.

A partir daí, a urgência para gerar energia de maneira geral e energia elétrica em particular sem usar, ou usando o mínimo possível, petróleo foi alçada à condição de prioridade para a política internacional.

Enquanto isso, por aqui os brasileiros e seus representantes políticos, conseguiram aprovar e colocar em prática um arcabouço legal robusto para fomentar a geração de energia elétrica considerada limpa, sem carbono.

Nunca, na história brasileira, se captou tanta energia do sol, dos ventos e da água.

Melhor ainda, mais de 140 usinas hidrelétricas representam quase 70% da energia elétrica distribuída para residências e indústrias.

Com crescimento excepcional nos últimos cinco anos, a geração de energia solar e eólica passou a ter peso expressivo na matriz energética nacional.

O mercado regulado de carbono, considerado peça chave para zerar o desmatamento da Amazônia, foi aprovado e deve estar em pleno funcionamento ainda em 2025.

Nós brasileiros temos as condições únicas e um histórico de atuação ousado para mostrar em Belém nossos atributos para liderar uma política internacional de mitigação da mudança climática.

Não podemos e não vamos deixar escapar essa oportunidade.

Após enfrentar uma batalha que durou quatro meses e terminar a única extensa obra do autor francês, eu e minha eterna amada esposa, de um casamento heteronormativo menos comum a cada um dos últimos 34 anos, nos perdemos no tempo.

Discordando de quase tudo que lemos, antes de encarar a façanha, na maravilhosa Wikipédia sobre Marcel Proust e sua, de novo, única extensa obra “Em Busca do Tempo Perdido”, não conseguimos puxar uma cadeira para o francês sentar ao lado de um dos maiores da literatura portuguesa o nosso incomparável Machado de Assis.

Artigos não faltam para derramar elogios sobre a genialidade ao escrever sobre a memória de um rol de 200 personagens com opiniões que são alteradas pelo tempo.

Não aquela simplória memória voluntária das coisas que cada um prefere não esquecer, e sim a memória involuntária quando você experimenta um biscoito, no caso chamado de Madeleine pelos parisienses que viveram no início do século passado durante a primeira guerra mundial.

Outros elogios são rasgados na igualmente detalhada descrição sobre o impacto do tempo nos personagens, como se tivessem sido flagrados de forma abrupta pela velhice e derrotados em uma luta impossível de ser vencida.

Esperneando diante da fatalidade inexorável do envelhecimento físico e mental, a resposta da maioria dos personagens residiria na vã ilusão de pelo menos parecer jovem, com o artifício caro aos parisienses e aos franceses no geral: a maquiagem.

Como não vimos nada disso na, novamente, extensa única obra a angustia tomou conta, até que assistimos uma encenação, sketch como dizem os ingleses, em que um animador de programa de TV premiava quem conseguisse resumir a obra em 15 segundos.

Com a preciosidade do humor do Monty Python, ninguém venceu e o premio foi, com muita justiça diga-se, para a mulher da plateia com os seios mais lindos.

Aí estava a saída, o bom humor poderia ajudar a superar a angustia em relação à incompreensão de tantos elogios ao autor francês, além do que, afinal, não custava tentar.

Em 15 segundos, eis nosso resumo:

Nas 2.400 páginas, um pouco mais um pouco menos, sem diálogos e com parágrafos em média com 80 linhas, um pouco mais um pouco menos, Marcel narra sua experiência em participar de mais 200 reuniões, um pouco mais um pouco menos, organizadas por aristocratas e nobres pertencentes a monarquia francesa, em que, senão todos, a imensa maioria são de algum modo, pelo tipo de maquiagem, por mero balançar de braços e outros trejeitos homossexuais, que vez ou outra assediam o próprio narrador contaminando, inclusive, sua noiva Albertine com o homossexualismo feminino, que Marcel, o narrador, a despeito de Marcel Proust, o autor, ser homossexual assediador não assumido, considera um vicio ou doença possível de cura em uma atitude preconceituosa, inadmissível ao contrato social que a humanidade adota em 2024.

Parece que conseguimos deixar bem claro que todos os assuntos tratados nas reuniões intermináveis e cansativas retornam ao ponto central do homossexualismo. É desse tema que se trata e não à toa um dos sete livros é exclusivamente dedicado ao homem (Sodoma) e à mulher (Gomorra) homossexual.

Bem pela beirada, tangencialmente com dizem os críticos, sem demonstrar qualquer intenção em se aprofundar, Marcel também narra ou delimita um ou outro personagem que acompanharia o Caso Dreyfus, um exemplo nada inusitado e bem nítido do fracasso da sociedade francesa daquela época em investigar, com o mínimo de eficiência, uma denúncia muito séria de traição ao país o que poderia levar ao enforcamento do acusado.

Sob a sombra de uma incompetência de raiz para conduzir um processo investigativo de qualquer natureza, o público desliza para estupidez da teoria de uma conspiração mundial e planetária para destruir os judeus. Mas a história mostrou que, no fundo e felizmente, tudo se restringiu à incompetência investigativa de meia dúzia de generais do exército francês mesmo.

Também não existe, de fato e no modelo de uma literatura que se pretenda interessante, uma ficção a ser contada.

Marcel narra suas experiências em paixões superficiais e, de certo modo, no formato de diário.

Em um primeiro momento seu amor por Gilbert, uma adolescente que em uma passagem de cinco linhas, talvez o parágrafo mais curto de todos, parece fazer ele se apaixonar com um falso beijo e uma sensação estranha seguida de tremedeira, talvez um orgasmo.

Note-se que a mãe de Gilbert, sua primeira paixão, e ao final inclusive ela própria se descobrem homossexuais.

Logo depois ele se vê apaixonado por uma senhora, a de Guermantes, sem que exista razão masculina para tal. Sim você quer saber, ela parece que não, mas seu marido sim, gay.

Até a terceira e última paixão, Albertine, que tal qual Bentinho com a Capitu, porém com o homossexualismo latente, Marcel sacrifica a pobre coitada até a morte pelo ciúme e, pasmem na tentativa da cura gay, daquela doença do homossexualismo.

Da mesma maneira que as histórias dos personagens, não das centenas e até milhares como os elogiadores adoram repetir, alguns oito, um pouco mais um pouco menos, são limitadas e repetitivas chegando quase sempre ao lugar comum, o homossexualismo.

Inclusive a história do pobre Barão de Charlus, sem medo de errar o principal personagem do pouco de ficção que a obra traz e que em sua trajetória de nobre homem homossexual da realeza assedia além de Marcel um número grande de motoristas, ascensoristas, atores, carpinteiros, enfim, tudo do sexo masculino que anda e rasteja de Paris a Bagdá.

Pobre Charlus porque de todos é o que sente de pior maneira o impacto da velhice em sua luxuria homossexual, sendo ao final narrado por Marcel em uma cessão de masoquismo e sadismo inacreditável e sem o menor sentido se e claro, existisse a preocupação de uma literatura ficcionista de fato. 

Em algum momento, curto momento por sinal, Marcel tenta mostrar que um dos personagens vestindo a carapuça de um diplomata francês poderia iniciar uma discussão sobre a situação da Europa em relação às pretensões de dominação dos alemães e a sempre imprescindível e forte resistência dos ingleses.

Muitos franceses são favoráveis a uma rendição e até associação aos alemães por considerarem sua invencibilidade, na máxima de que seria melhor para França de unir que enfrentar um inimigo do calibre da Alemanha.

O Barão de Charlus por sua vez prefere os ingleses que são mais astutos, podem vencer os alemães e, claro, são mais bonitos, de volta ao tema gay.

Nada disso entra em algum detalhamento por Marcel que se dedica a narrar o ciúme homossexual, a inveja homossexual, a melancolia homossexual e, em especial, a luxúria homossexual, fazendo com que o leitor chegue a perigosa conclusão de que o futuro da humanidade é homossexual, será?

Não é a história que importa a Marcel Proust e por isso ele pode transgredir na literatura com reviravoltas inadmissíveis pela falta de sentido e somente aceitável pelo pano de fundo homossexual que trespassa toda obra.

Não é sobre memória, ou envelhecimento, ou ainda sobre ciúme, mas sim um retrato do homossexualismo que impregnava uma sociedade que não sabia de que maneira deveria lidar com isso.

Não é sobre uma tradução que seja considerada aceitável pela crítica ou reconhecida pela fidelidade ao original, pois se trata de uma obra de um autor francês para ser lida pelos parisienses e talvez outros franceses, desde que homossexuais.

A conclusão óbvia é que “Em Busca do Tempo Perdido” é obra inescapável, para usar expressão dos críticos literários, para um publico homossexual muito específico e de preferência francês.

Poucos reconhecem e menos ainda compreendem a magnitude do problema para a região, o Brasil e o mundo, mas a Amazônia depende do desmatamento zero para sua existência.

Detalhando mais um pouco, o desmatamento zero somente será alcançado de maneira permanente se e quando deixar de ser resultado da ação de fiscais de órgãos ambientais estaduais e do Ibama ao se tornar referência econômica para a região.

Somente uma alteração drástica da visão sobre a economia regional, de modo a superar o nefasto e insistente ciclo econômico da pecuária extensiva, a Amazônia poderá retomar os rumos de uma sustentabilidade esperada mundo afora.

O raciocínio pode ser resumido assim.

Sempre que uma ação de política pública, quer venha de uma prefeitura considerada insignificante no contexto econômico regional, quer venha do poderoso governo federal, promova a consolidação e ampliação do rebanho de gado criado solto no pasto na Amazônia, o desmatamento aumenta e a região perde em sustentabilidade.

Em contrapartida, sempre que a ação de política pública reduz o estímulo à pecuária extensiva, o desmatamento tende a cair e a Amazônia poderá voltar ao caminho da sustentabilidade.

Importante alertar que não está na extração mineral, que é realizada de modo localizado e que no fim das contas ajuda ampliar a riqueza na região, o gargalo da sustentabilidade da Amazônia.

Da mesma forma que não está na construção de uma barragem para produção de energia elétrica que reside o entrave para a sustentabilidade regional, pelo contrário, estocar água em grandes quantidades tem sido apontado como solução para a seca, a maior de muitas das mazelas ecológicas e econômica da Amazônia.

É o desmatamento estúpido, sempre o desmatamento o problema.

Quando a fiscalização funciona e as taxas despencam de maneira excelente e que merece todos os elogios como aconteceu em 2024, a Amazônia pode retomar o caminho de um desenvolvimento que conserva a floresta.

Quando o mercado de carbono, regulado pela Organização das Nações Unidas, foi aprovado na COP 29, a expectativa é de que no curto prazo alterações sensíveis na transformação produtiva da Amazônia em direção a uma economia de baixo carbono seja iniciada com muita força.

Uma semana antes da ONU, o Congresso Nacional em Brasília, fez o dever de casa e aprovou o mercado nacional regulado de carbono, uma iniciativa que merece aplausos e que fornecerá maior credibilidade também ao mercado voluntário.

Pode ser que o ciclo nefasto do desmatamento para criar um boi em dois hectares de pasto onde havia a biodiversidade da maior floresta tropical do mundo esteja no fim, é esperar para ver.

O melhor, chegaremos na COP30, em Belém no Pará ano que vem, com a credibilidade da retomada de meta do desmatamento zero e um mercado de carbono em franca expansão.

A todos um 2025 repleto de sustentabilidade na Amazônia.

Em uma decisão inédita e mais que oportuna o BNDES, com os recursos do Fundo Amazônia, vai doar dinheiro para projetos de implantação de Sistemas Agroflorestais, ou simplesmente SAF, em áreas selecionadas de terras destruídas pela pecuária extensiva.

Com robusto orçamento de 100 milhões de reais, alguns municípios localizados no arco do desmatamento foram selecionados para receber plantio de reflorestamento que agrega valor econômico e conservacionista em uma mesma área.

No caso do Acre, por exemplo, as cidades de Xapuri e Epitaciolândia, com foco na Reserva Extrativista Chico Mendes, a instalação de SAF pode reverter a tendência de destruição florestal em uma das unidades de conservação que mais recebe impacto pela ampliação do desmatamento para criação extensiva de boi.

Por sinal, a região do alto Rio Acre, indo do município de Capixaba até a fronteira em Assis Brasil, possui conhecimento acumulado excepcional na definição de consórcios de espécies florestais e agrícolas.

Foi ali, com o propósito de reverter um processo perigoso de desmatamento para disponibilizar solos para plantar capim e expandir a pecuária extensiva, que ainda no final do século passado mais de 250 produtores receberam o Projeto SAF & Açude.

Reconhecido legado do CTA, uma das organizações não governamentais mais proeminentes da Amazônia e que infelizmente foi extinta por volta de 2008, o SAF & Açude foi pioneiro no desenho de um consórcio adequado à realidade social, florestal e econômica da região.

Foi o único projeto a comprovar a profunda sintonia entre o que prevê o SAF e a piscicultura comercial em açudes, uma vez que o primeiro é pouco atrativo e o segundo uma reivindicação do produtor devido ao período cada vez mais longo de seca (saiba mais aqui: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=1663).

Não à toa quando os técnicos do CTA chegavam às propriedades para executarem o projeto SAF & AÇUDES, ainda em 1995, todos os produtores, sem exceção, ficavam muito animados com a ideia do açude e decepcionados com a do SAF.

Na verdade, o plantio das espécies consorciadas no SAF se transformou em condição para receber o tão almejado açude. E mais, o açude, desta feita de um hectare de lâmina de água, tinha que atender a demanda de cinco famílias. Todos aceitavam essas condições com alegria, pois o açude compensava o sacrifício coletivo do SAF.

A piscicultura iniciava assim sua fase de consolidação no Acre associada à instalação de SAF.

Segundo o edital do BNDES, somente uma organização não governamental poderá apresentar proposta de projeto de SAF para ser financiado a fundo perdido até 07 de fevereiro de 2025.

Uma iniciativa que coloca a economia de baixo carbono na Amazônia em um nível acima da pecuária extensiva, esse é o caminho, com certeza!

Agora é fato, o mercado internacional e regulado de créditos de carbono foi aprovado em definitivo pela ONU na COP29, encerrada em Baku, Capital do Azerbaijão, em 23 de novembro de 2024.

Considerado o mais importante legado da COP29, o mercado internacional de carbono vinha sendo discutido desde 2015, quando foi instituído pelo Artigo 6 do Acordo de Paris.

Foram necessários quase dez anos de negociação para aprovar um instrumento oficial de comercialização de créditos de carbono entre nações, de uma complexidade proporcional a sua importância.

Complexo, posto que os países mais industrializados a partir de agora podem, com a compra de créditos de carbono em um mercado regulado pela ONU, compensar os menos industrializados que vão ofertar os créditos relativos a sua área de florestas conservadas.

Complexo, pois oficializa e regula a transferência voluntária de uma soma expressiva de dinheiro dos países com economias mais abastadas para os menos favorecidos não por caridade ou generosidade, mas sim, por um serviço prestado ou um produto comercializado em igualdade de condições.

E deveras importante, posto que a partir de agora os países e os produtores vão receber dinheiro para prestar um serviço de manejo conservacionista de áreas de florestas nativas e plantadas em quantidade e qualidade delimitadas por um mercado regulado e com preço definido pela oferta e procura.

Nunca é demais repetir que o parlamento e os políticos brasileiros acertaram quando dez dias antes aprovaram o mercado nacional regulado de carbono de maneira a fornecer maior segurança jurídica e fortalecer o mercado voluntário, que se encontra em expansão desde o final do século passado.

Também não custa repetir que no final da linha está o reconhecimento da sociedade pela reputação das empresas e países que podem ajudar, ao comprar créditos de carbono, ou atrapalhar, quando ficam fora do mercado de carbono, a resolver a grave crise das mudanças climáticas.

Após a definição da metodologia de quantificação das toneladas de carbono pelo Supervisory Body Mechanism, seleto grupo composto de forma paritária por doze especialistas representativos de todos os 198 países associados ao sistema ONU, as transações vão, finalmente, começar pra valer.

No frigir dos ovos, poderemos afirmar que o antes inimaginável desmatamento legal zero da Amazônia, está mais perto do que se imagina!

Melhor a população de toda a Amazônia guardar bem essa data.

Hoje, dia 19 de novembro de 2024, a Câmara dos Deputados aprovou em definitivo o Projeto de Lei 182 que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa.

Para quem não acompanhou o tal sistema nada mais é que o mercado regulado de carbono finalmente colocado nas mãos dos produtores e indústrias para um teste definitivo de viabilidade econômica.

Explicando melhor.

Desde o final do século passado e com muita força após a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, pelos 196 países associados ao sistema da Organização das Nações Unidas, ONU, a discussão e aprovação de um mercado internacional de créditos de carbono foi alçado à condição de prioridade.

Diante da emergência da crise decorrente das mudanças climáticas, reduzir a quantidade de carbono, elemento químico que está na fumaça das indústrias, no desmatamento da Amazônia e nas queimadas e possui maior parcela de contribuição para o aumento da temperatura planetária, se transformou em meta emergencial da ONU.

Dois conjuntos de medidas são, mundo afora, instituídas diariamente para reduzir a quantidade de carbono na atmosfera.

O primeiro conjunto, bastante conhecido da sociedade, se limita a ações de fiscalização para impor regras restritivas de produção de fumaça e de desmatamento de maneira a obrigar produtores rurais e industriais a obedecerem.

Existem estatísticas robustas para confirmar a tese de que a fiscalização, embora traga resultados rápidos de redução na taxa de desmatamento, não consegue estabilizar essa redução até um dia zerar a destruição de florestas na Amazônia.

Raciocínio idêntico pode ser realizado para as indústrias, mesmo que com melhores resultados a fiscalização também não consegue determinar alterações conclusivas no modelo industrial baseado no petróleo.

Daí vem a expectativa com o mercado regulado de carbono que agora é Lei.

Considerado instrumento essencial para o segundo conjunto de medidas de mitigação do aquecimento do planeta, que se baseia na mudança do sistema produtivo como um todo a legislação aprovada mostra o rumo em direção a uma economia de baixo carbono.

Com olho no mercado voluntário de carbono, que se expande no país desde o início do século, os deputados e senadores conseguiram regulamentar um mercado que pode ser o passo decisivo e que faltava para os brasileiros alcançarem o desmatamento zero da Amazônia.

Na prática espera-se que funcione assim.

Ao invés de desmatar para plantar capim em uma pecuária extensiva que estagna há mais de trinta anos a economia da Amazônia, o produtor irá trabalhar na sua floresta e ganhar dinheiro para aumentar a retirada do carbono que foi colocado por uma indústria na atmosfera.

Estão de parabéns os políticos, pois o curto prazo, próximos cinco anos, será decisivo no experimento brasileiro para o desmatamento legal zero da Amazônia.

Nem mesmo os mais otimistas poderiam esperar uma taxa de desmatamento na Amazônia, para o período entre julho de 2023 e agosto de 2024, 30,63% menor em relação aos doze meses anteriores.

Com disciplina e precisão incontestável o reconhecido Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, divulgou no início de novembro que a Amazônia perdeu, em 2024, o equivalente a 6.288 km² de área de floresta nativa.

Parece inacreditável que um número tão elevado seja muito de comemoração, mas é!

Por várias razões, mas duas delas merecem destaque.

A primeira ao indicar que esta superado o nefasto período dos quatro anos do governo federal anterior, aquele que detestava lidar com o tema do desmatamento chegando ao ponto de achar que o prestigiado Inpe agradaria alguma organização não governamental com a divulgação das taxas elevadas.

Na verdade, as taxas, altas e baixas, são de responsabilidade do governo federal e o Inpe faz as medições, desde 1988, com rigor analítico incomparável e respeitado mundo afora.

Por óbvio, o Inpe não precisaria agradar ONG, nem governos.

A segunda razão é que a taxa de 2024 é a primeira exclusivamente sob o gerenciamento do atual governo federal, que faz questão de recuperar a reputação brasileira de preocupação com a destruição da Amazônia.

Difícil mensurar o peso da fiscalização ou de atividades produtivas sustentáveis na importante redução da taxa de 2024.

Com expressiva melhora a fiscalização focada nos municípios que mais desmatam parece ter trazido respostas bem melhores e efetivas que os caminhões do exército circulando por ramais.

Por outro lado, a queda expressiva em regiões consideradas líder no desmatamento, em que o agronegócio é pujante, tecnificado, moderno e representa, quando pouco, metade da riqueza gerada, como no Mato Grosso e Rondônia por exemplo, a queda inusitada pode significar alguma mudança de atitude na economia.

Seria mais que gratificante se a economia de baixo de carbono, com indicadores expressivos de sustentabilidade ambiental, tivesse proporcionado maior impacto na redução da taxa que a fiscalização.

Afinal, está na alteração da visão sobre a economia da Amazônia, em especial aquela adotada pelos investimentos produtivos, que levará a região a superar o famigerado ciclo destruidor de florestas representado pela hegemônica pecuária extensiva.

Enquanto continuarmos tolerantes em relação a total ausência de sentido econômico quando um boi pasta em dois hectares de pasto onde antes havia uma floresta com a maior biodiversidade do planeta, não lograremos chegar e manter as taxas de redução recorde com aquela observada em 2012.

A meta é a taxa de 2012, pois foi o único ano em que se desmatou área menor a 5.000km2 de florestas na Amazônia.

A drástica redução de 2024 mostrou que isso é plenamente possível, mas somente conseguiremos estabilizar a redução por meio de um novo imperativo econômico que altere a origem da riqueza gerada na região.

Não é impossível e poderemos chegar na COP30 de Belém, no final de 2025, com a reputação de líder da política mundial sobre mudanças do clima!

xxxx