Construir hidrelétricas em uma região que precisa estocar água para ajudar a manter elevada sua imprescindível umidade relativa, como no caso da Amazônia, deveria ser ação prioritária de política pública e reivindicação recorrente da sociedade, jamais um problema.
Entretanto, por razões difíceis de entender e sempre com certa dose de romantismo parcela considerável dos jornalistas e acadêmicos, em especial aqueles que atuam nas universidades federais, pensam e afirmam o contrário.
Não conseguem enxergar no aproveitamento da potência hidráulica das águas uma solução econômica, social e ecológica adequada à realidade do ecossistema florestal da região.
Pior, não entendem que a força da água é uma das fontes menos poluentes de energia e, sob alguns aspectos, a fonte de menor impacto ambiental quando se prioriza a oferta de energia elétrica.
E, o melhor e mais importante, a tradição da engenharia civil nacional, conquistada após a construção de mais de 130 usinas de médio e grande porte, se tornou referência mundial e os engenheiros brasileiros ergueram barragens e colocaram hidrelétricas em operação em vários continentes.
Conhecida por “terra das águas” a Amazônia brasileira ostenta na geração de energia por usinas hidrelétricas e na biodiversidade florestal duas de suas principais vantagens comparativas.
Resumindo, deixar de promover o potencial econômico das águas e da biodiversidade florestal na Amazônia parecerá perante o mundo, no mínimo, muita insensatez.
Enquanto por um lado a privatização, bem-vinda para universalização do acesso no setor elétrico, reduziu a ingerência da política na análise da demanda pela instalação de novas usinas hidrelétricas na Amazônia, por outro lado a exploração comercial da biodiversidade florestal esbarra em um conjunto extenso de exigências um tanto inexplicáveis.
Na imaginação da maioria existe uma riqueza escondida na floresta da Amazônia, nos moldes do famoso e histórico eldorado, que pode ser a todo tempo e por qualquer explorador saqueada.
Apesar de nunca ter sido identificada, essa riqueza de saque fácil desperta a cobiça internacional pela Amazônia, o que reforça a tese de um plano de invasão pelo império americano ou de um complô mundial arquitetado para roubar dos brasileiros a rica biodiversidade florestal da Amazônia.
Ninguém é capaz de explicar a origem da riqueza, muito menos de que maneira aconteceria o saque e o roubo da biodiversidade, mas é certo que está acontecendo todos os dias.
Agora pense por um momento em dois raciocínios distintos, porém próximos. O primeiro afirma a existência da riqueza que pode surgir da descoberta de remédios milagrosos que estão escondidos na biodiversidade florestal.
O segundo raciocínio afirma que essa riqueza, além de biopirateada à luz do dia seria cobiçada pelo mundo e que a invasão da Amazônia por outros países acontecerá sem que os militares brasileiros percebam.
Claro, que tudo não passa de fértil e inútil imaginação.
O fato é que a riqueza ainda não foi descoberta e a preocupação de todos os 195 países que assinaram o Acordo de Paris, em 2015, é uma só: evitar a destruição da floresta na Amazônia.
Todos se unem ao esforço planetário para resolver o problema do desmatamento zero da Amazônia e está na biodiversidade florestal, por óbvio, a melhor solução.