Muitos acreditam que seria melhor para a Amazônia não ter desenvolvimento a fazer a opção pelo modelo de desenvolvimento atual.

Considerado o maior responsável pela destruição do ecossistema florestal, leia-se desmatamento, e por parcela considerável do carbono brasileiro colocado anualmente na atmosfera, leia-se queimadas, o desenvolvimento amazônico ancorado na agropecuária parece ser mesmo ruim.

Para entender melhor, um desenvolvimento considerado ruim seria aquele que não produz riqueza suficiente para toda a população, o que não resolve o problema, não faz com que essa riqueza seja distribuída para todos, o que é mais grave, e, coloca em risco o planeta, o que é mais perigoso.

Um bom desenvolvimento, por outro lado, seria aquele que por ser baseado em atividades produtivas adequadas à realidade social e ao ecossistema local, promoveria a geração de riqueza com equidade e, o menos perigoso, sem colocar o futuro da humanidade, dos filhos e netos, sob risco permanente.

Tanto o desenvolvimento ruim como o bom são passíveis de serem colocados em prática para o nível tecnológico, social e ambiental atualmente presente na Amazônia. Por sinal, ambos já foram testados em escalas macro e micro, respectivamente, na região. As respostas de cada um são conhecidas pelos institutos de pesquisas, pela ciência e pela academia.

Faltariam ainda os locais onde não há nenhum desenvolvimento. Da mesma maneira que nas duas situações acima, as respostas ao abandono, primitivismo tecnológico e exclusão social, também são conhecidas em abundância.

Os que defendem nenhum desenvolvimento, como alternativa ao desenvolvimento ruim estão muito enganados. Geralmente associados a um ambientalismo ortodoxo e bastante urbano, não tem idéia de como a vida no campo, sem tecnologia, é impraticável. Afinal, quem gostaria de voltar a habitar nas árvores?

Além disso, a história econômica da Amazônia tem demonstrado que nenhum desenvolvimento é etapa anterior ao desenvolvimento ruim. Na mais completa ausência de opção produtiva e tecnológica, em condições de extremo abandono pelas políticas públicas, a pecuária prevalece. Desmatar, queimar, plantar capim e colocar um boi, parece ser algo elementar, que não exige muito esforço intelectual.

O processo de desenvolvimento nos municípios amazônicos, sobretudo do interior, acontece, em sua maioria, da seguinte forma. Primeiro um produto oriundo do ecossistema florestal atrai produtores extrativistas e com eles os marreteiros e outros fornecedores de estivas para apoiar aquela produção florestal.

O baixo nível de acumulação de capital oferecido pelo extrativismo florestal, associado à ausência de ações de políticas públicas para promover e ascender esse extrativismo ao manejo florestal de uso múltiplo empurra o produtor, que conseguiu juntar o dinheiro suficiente para empeleitar, como eles dizem, a derrubada, para a pecuária.

Esse processo aconteceu e vem acontecendo em vários locais da Amazônia. Municípios como Jordão e Santa Rosa, no Acre, ou Benjamin Constant, no Amazonas, não encontram seu desenvolvimento sustentável e são levados ao desenvolvimento ruim.

Enquanto as ações de políticas públicas ou não chegam ou quando chegam promovem o desenvolvimento ruim, muitos continuaram a acreditar que seria melhor não ter nenhum desenvolvimento.

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