Reciclar, reutilizar, restaurar e regenerar são apenas alguns dos termos cunhados por ativistas ambientais, que são empregados de maneira indiscriminada por um universo cada vez maior de leigos e cujos significados poucos dominam.
O exemplo mais comum talvez seja o da reciclagem. Devido ao apelo político alcançado pelo tema a confusão é generalizada e, o mais grave, ao invés de contribuir para o equilíbrio climático do planeta, a maior parte das ditas reciclagens podem agravar as condições ambientais existentes.
Ocorre que esse tipo equivocado de reciclagem incentiva, como se fosse prática ecologicamente correta, as pessoas a empregarem sua criatividade para transformar embalagens usadas, que iriam parar nos lixões, em novos produtos que podem até, perigosamente, serem comercializados.
Ou seja, o produtor (que transforma lixo em produto) e o comprador (que adquire lixo por produto), são, sob o ponto de vista da reciclagem equivocada, reconhecidos pela sociedade como cidadãos exemplos de compromisso ambiental. Imagens de crianças associadas à reciclagem são sempre usadas em projetos de educação ambiental.
Contudo esquecem-se todos, de dois princípios elementares do sistema econômico. Primeiro que, um novo produto colocado no mercado, mesmo aqueles engajados e que tem atributos ideológicos, será enquadrado nas leis econômicas que regem a oferta, a demanda e o preço.
Ou seja, o produto oriundo da reciclagem é um novo produto como qualquer outro, mas, todavia, com um grave problema, foi originado a partir de uma matéria-prima, o plástico, que aumenta os níveis de poluição. No final das contas, encontrou-se mais uma utilidade para o perigoso plástico.
O segundo princípio é mais fácil de entender. Quanto mais esse novo produto de lixo ocupar lugar no mercado, sua produção irá requerer matéria-prima padronizada e que exija sempre menos etapas no processo produtivo. O ideal será que, essa garrafa de refrigerante de plástico, chegue limpa e sem rótulo nas mãos dos artesões.
Árvores de Natal confeccionadas de lixo (embalagens de plástico e de PET) devido a grande quantidade de matéria-prima que consomem e do elevado mercado existente (prefeitos das cidades amazônicas adoram parecer preocupados com o meio ambiente no Natal), podem se enquadrar perfeitamente nos princípios econômicos descritos acima.
E se assim for, em breve, por inusitado que pareça, as embalagens terão que ser adquiridas antes do uso como embalagens, para abastecer o mercado de Árvores de Natal. E, claro, usadas como árvores ou como embalagens irão parar sempre nos lixões.
Enfim, três conclusões inesquecíveis para quem gosta da reciclagem:
A reciclagem é válida quando embalagem volta a ser embalagem.
Lixo é matéria-prima, não é produto e, nunca, produto novo.
A castanheira, samaúma, pau d’árco, mulateiro, cerejeira, mógno, cedro, itaúba, jatobá, maçaranduba, andiroba e roxinho, árvores amazônicas maravilhosas, não podem ser substituídas por lixo.